É muito?
Podia não ser se fossem convidados os melhores da sociedade civil para servir a causa pública com o seu talento e, ou, experiência. Salvo raras excepções, o que se constata configura uma filial de um partido povoado por deputados, autarcas, “boys” e “girls” que juraram fidelidade ao seu "Deus" e aí se mantêm, na certeza que nas contrapartidas (?)acordadas estará o seu salvo conduto. Alguns não sabem mais de política do que um porco sabe sobre o Domingo e muitas destas personalidades, sem política definhariam. Em larga maioria protagonizam uma grande dose de espectáculo com o beneplácito da comunicação social. É um “show” de continuidade a que já nos habituaram e que nos vai afastando cada vez mais da credibilidade e da esperança de uma mudança de fundo desse paradigma. A torpeza da ideologia é mais forte do que a decência e o serviço público. Circo e cerco são palavras vizinhas e a Democracia corre sério risco de tornar-se uma plataforma circense. Há características que abastardam e frustram a vontade popular que devem ser rapidamente e corrigidas. Entretanto, “com papas e bolos”, bailaricos e saltaricos se vão enganando e distraindo os tolos.
Há uma guerra na Europa, uma economia submetida a um brutal stress devido à inflação e à crise energética; a pandemia está longe de desaparecer e ainda temos todos os problemas da desigualdade social; acentua-se a degradação do poder de compra das famílias pelo aumento dos preços dos combustíveis e seus efeitos em cadeia sobre todos os produtos, sobretudo nos bens alimentares, imprescindíveis à nossa sobrevivência mas...há coisas mais importantes em que pensar. Te(re)mos um boom turístico nunca antes visto. O turismo é uma fonte de rendimento fantástico porque temos praia (a melhor da Europa), Sol e paz.
Não po(re)mos tudo isto em causa com um turismo de massas? Esta(re)mos estruturalmente preparados em termos físicos e sociais para receber sem sobressaltos e constrangimentos os muitos milhares que virão, sem prejudicar os que cá estão?
Sempre ouvi dizer que "quem quer ver muito, cega".
Criticar, elogiar, ou questionar os factos que contam e condicionam a vida colectiva é, também, uma forma de prestar serviço público.
Madalena Castro