A Guerra Mundo

Exército russo prossegue ataques e aproxima-se da cidade de Kramatorsk

FOTO OLEG PETRASYUK/EPA
FOTO OLEG PETRASYUK/EPA

O exército russo continuou hoje os seus ataques em várias zonas de Donbass, onde se está a aproximar cada vez mais da fortaleza militar ucraniana de Kramatorsk, cidade-chave para o controlo da Ucrânia oriental, informou a agência EFE. Ao mesmo tempo, continuou a luta por Severodonetsk, uma das maiores cidades de Lugansk.

Segundo o Presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, Severodonetsk e a vizinha Lisichansk estão atualmente entre as "áreas-chave" da resistência ucraniana ao avanço das tropas russas no Donbass. "A situação é incrivelmente difícil, mas a nossa defesa está a resistir e estou muito grato a todos aqueles que estão a resistir à pressão dos ocupantes", disse o líder ucraniano numa mensagem de vídeo.

Depois de reclamarem vitória na cidade de Liman, as tropas russas fixaram o seu objetivo na cidade de Kramatorsk, um importante nó ferroviário no Donbass, considerado chave para o controlo da área.

Kramatorsk, o centro administrativo do território controlado pela Ucrânia na região de Donetsk, ficou hoje sem eletricidade como resultado dos combates com as forças russas, anunciou o presidente da câmara da cidade, Alexandr Goncharenko. "Em resultado das hostilidades, foi cortada uma linha de alta tensão. Kramatorsk e todas as localidades vizinhas estão sem eletricidade", escreveu na sua conta do Facebook. Goncharenko acrescentou que as reparações são complicadas pelo facto de os combates tornarem perigoso o acesso ao local.

Kramatorsk, com uma população de cerca de 150.000 habitantes antes da guerra, é a sede das instituições administrativas da região de Donetsk desde que a capital oficial ficou sob o controlo de separatistas pró-russos. A central térmica eslovena perto de Kramatorsk anunciou no sábado que iria cessar as operações face ao avanço russo, para permitir a saída dos empregados e suas famílias.

Entretanto, na região de Lugansk, onde as forças ucranianas controlam atualmente apenas 5% do território, o exército ucraniano conseguiu contra-atacar nas últimas 24 horas para empurrar as tropas russas para longe da estrada Bakhmut-Lisichansk, via importante para o controlo da estratégica Severodonetsk. Segundo o governador local, Serhiy Gaidai, os ucranianos também recuperaram o controlo da cidade de Toshkivka, a norte de Severodonetsk, que as tropas de Moscovo tinham tomado dias antes. Ao mesmo tempo, este responsável reconheceu que as forças russas continuam a defender as suas posições no hotel Mir, na periferia de Severodonetsk.

Entretanto, a rota Bakhmut-Lisichansk, o único acesso à cidade, que está praticamente rodeada, é agora mais segura, segundo Gaidai. Para o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), as forças ucranianas em Severodonetsk enfrentam o segundo maior desafio em mais de três meses, após o longo cerco à Azovstal, em Mariupol. O desgaste das forças russas pode permitir a Kiev reiniciar as suas contraofensivas uma vez terminada a luta por Severodonetsk, independentemente do lado que vencer, dizem os peritos do ISW, que admitem como provável que a Ucrânia venha a sofrer "uma grande derrota tática" nos próximos dias se aquela cidade cair.

Ataques russos também foram registados hoje em Kharkiv, a segunda cidade da Ucrânia. "Kharkiv está constantemente a ser bombardeada e hoje, infelizmente, tivemos outro [ataque]", disse Igor Trekhov, um líder local. Trekhov apelou aos residentes da cidade para "terem muito cuidado" e estarem conscientes dos riscos existentes. "Cafés, restaurantes, lojas, etc., estão a abrir na cidade. Mas todos devem estar conscientes do perigo de ataques com mísseis e artilharia", advertiu.

Horas antes de Kharkiv ser atacada, a cidade foi visitada pelo Presidente ucraniano, naquela que foi a primeira saída oficial de Volodymir Zelensky fora da região de Kiev em mais de três meses. "Sinto um orgulho sem limites nos nossos defensores. Todos os dias lutam pela liberdade da Ucrânia arriscando as suas vidas", escreveu o líder ucraniano após a visita, que também o levou para a linha da frente na região de Kharkiv, onde a Rússia ocupou 30% dos territórios, segundo as autoridades locais.