Ricardo Sá Pinto visa capitão da GNR nas críticas à sua suspensão no 'play-off'
O treinador Ricardo Sá Pinto, que está suspenso por 15 dias, criticou hoje a sua ausência nos encontros com o Desportivo de Chaves, do 'play-off' de permanência na I Liga de futebol, culpando o capitão da GNR.
"No meio deste processo todo, é lógico que não é fácil para mim estar de fora, enquanto treinador e líder da equipa. É uma grande injustiça. O capitão [da GNR] Orlando Mendes foi um grande irresponsável. Tinha de ter ouvidos de super homem para ouvir aquilo que diz que ouviu, quando isso era impossível no meio do estádio. Não percebo a maldade e esta velocidade de decisão, perante imagens que comprovam o contrário. Não fiz gestos obscenos. Não disse palavras obscenas", atirou o técnico, em conferência de imprensa.
Ricardo Sá Pinto recebeu 15 dias de suspensão e uma multa de 2.805 euros, devido a incidências no final da vitória ante o 'vizinho' Vizela (4-1), da 34.ª e última jornada, que, aliada ao empate do Tondela com o Boavista (2-2), levou os vimaranenses ao 'play-off'.
"Estava à espera que alguém dissesse alguma coisa, mas acham isto perfeitamente normal quando há casos bem graves que demoram um ano para ser julgados. Isto não pode acontecer. Até pelas minhas características, toda a gente sabe o impacto total que tenho na liderança da minha equipa e sinto que posso ajudá-la durante o jogo", analisou.
De acordo com o relatório do Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que incluiu o testemunho do capitão da GNR, a punição do treinador do Moreirense foi justificada com a "lesão da honra e da reputação e denúncia caluniosa".
"Este capitão é um grande mentiroso. As pessoas da vila de Moreira de Cónegos têm de se revoltar perante este capitão, que pôs em causa o sucesso deste clube. Ninguém diz nem fala nada, mas sabem o que vai acontecer? Vai ser contra tudo e contra todos. Isto ainda nos faz mais fortes e unidos e domingo vamos manter-nos na I Liga", ambicionou.
O relatório detalha que, após o apito final do árbitro Nuno Almeida, Sá Pinto "percorreu parte do relvado em direção à bancada topo norte, onde se encontravam ainda parte dos adeptos do Vizela", que viram "como provocatórios" dois gestos e palavras do técnico.
"Há gestos no ar e também me esbracejei virado para os adeptos. Isso é suficiente para tirar um treinador de uma final, na qual está em causa o sucesso de uma equipa, de 11 meses de trabalho, de uma vila e de milhares de pessoas? Por amor de Deus. É uma revolta que tenho cá dentro e me deixou muito triste. Não consigo entender como é que isto acontece no futebol. Deveria haver alguma sensibilidade nesta situação", apontou.
O recurso interposto pelo técnico foi julgado como improcedente pelo CD da FPF horas antes da derrota em Chaves (0-2), cujos golos de João Teixeira e do cabo-verdiano João Correia deixaram os vimaranenses em desvantagem para a segunda mão do 'play-off'.
"No máximo, até aceitava que me fizessem uma advertência qualquer por ter tido uma conduta menos assertiva e festejado junto dos adeptos de outra equipa. Agora, levar dois jogos de castigo quando eles simulavam golos do Tondela durante todo o jogo? Os meus jogadores estavam nervosos em campo e a perguntar se tinha havido golo do Tondela. Como devem calcular, havia um sabor enorme no final e despejei a adrenalina", notou.
Moreirense e Desportivo de Chaves definem o 18.º e último clube da edição 2022/23 da I Liga no domingo, às 19:30, no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos, em encontro arbitrado por António Nobre, da associação de Leiria.
Os 'cónegos' precisam de vencer por três golos ou, no pior dos cenários, marcar dois e levar o 'play-off' para o desempate por penáltis para almejarem a 13.ª presença, e nona seguida, na elite, sob pena de reeditarem as descidas de 2004/05 e 2012/13 à II Liga.