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Santuário lembra ligação do antigo diplomata do Vaticano a Fátima

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O Santuário de Fátima expressou "o seu pesar" pela morte do cardeal Angelo Sodano, antigo secretário de Estado do Vaticano, manifestando também uma "enorme gratidão" pela ligação e atenção que sempre dedicou a Fátima e à sua Mensagem.

O cardeal italiano Angelo Sodano, que foi secretário de Estado dos papas João Paulo II e Bento XVI, morreu na sexta-feira à noite, em Roma, aos 94 anos, noticiou hoje a agência italiana Ansa.

Considerado uma "figura marcante" daqueles pontificados, o decano do colégio de cardeais "ficou estreitamente ligado a Fátima ao ter visitado este Santuário por diversas vezes", destacando-se o facto de ter sido "através da sua voz" que os peregrinos da Cova da Iria "tiveram acesso, pela primeira vez, ao conteúdo da terceira parte do Segredo de Fátima", em 13 de maio de 2000.

"A visão de Fátima refere-se sobretudo à luta dos sistemas ateus contra a Igreja e os cristãos e descreve o sofrimento imane das testemunhas da fé do último século do segundo milénio. É uma Via Sacra sem fim, guiada pelos Papas do século vinte", afirmou na alocução que fez em Fátima, no final da Missa.

Nesta interpretação, é referido o "Bispo vestido de branco", o Papa, que "caminhando penosamente para a Cruz por entre os cadáveres dos martirizados (bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e várias pessoas seculares), cai por terra como morto sob os tiros de uma arma de fogo".

Angelo Sodano, especialista em Teologia e em Direito Canónico, por variadas vezes afirmou a sua firme convicção de que a mensagem de Fátima tem uma relevante importância histórica, já que se inscreve "na luta dos sistemas ateus contra a Igreja", assegurando que "a Senhora de Fátima trouxe uma mensagem de esperança que também é para as famílias de hoje" ao "recordar-lhes o amor de Deus para com a humanidade", sublinha a mensagem hoje divulgada pelo Santuário.

Sodano esteve hospitalizado numa clínica romana durante algum tempo devido a complicações após ter contraído covid-19, confirmaram os meios de comunicação social do Vaticano, citados pela agência espanhola EFE.

Nascido em Isola d'Asti, na região do Piemonte no norte de Itália, em 23 de novembro de 1927, Sodano foi considerado um dos homens mais poderosos do Vaticano.

Foi secretário de Estado de 1991, com João Paulo II, até 15 de setembro de 2006, quando Bento XVI aceitou a sua demissão como chefe da diplomacia do Vaticano.

Em 21 de dezembro de 2019, renunciou ao cargo de reitor do Colégio dos Cardeais.

Antes de ser nomeado secretário de Estado, Sodano teve uma intensa carreira diplomática com cargos na nunciatura apostólica no Equador e depois no Uruguai.

Em 1977, foi nomeado núncio no Chile, um país sob a ditadura de Augusto Pinochet, e foi o arquiteto da viagem de 1987 de João Paulo II ao país.

O cardeal foi acusado no Chile de ter encoberto o abuso de menores cometido pelo padre Fernando Karadima, com quem tinha uma relação estreita, e de não ter denunciado as alegações das vítimas.

Após dez anos como núncio no Chile, em 1988, João Paulo II chamou-o para substituir o cardeal Achille Silvestini como secretário do então Conselho para os Assuntos Públicos da Igreja.

Um ano depois, assumiu as funções de secretário para as Relações com os Estados, dedicando-se em particular à Pontifícia Comissão para a Rússia, da qual foi presidente.

Assumiu as funções de secretário de Estado em 29 de junho de 1991, no dia seguinte à sua nomeação como cardeal.

Acompanhou João Paulo II em 54 viagens internacionais e permaneceu no cargo durante um ano após a eleição de Bento XVI, antes de se tornar reitor do colégio de cardeais durante vários anos.

Em 2010, o arcebispo de Viena, Christoph Schönborn, acusou Sodano de ter ofendido vítimas de abuso sexual e de ter encoberto a investigação de crimes cometidos pelo então chefe da diocese vienense, Hans Hermann Groër.