Moreira da Silva diz ser única solução para quatro anos e confia em vitória como a de Cavaco
O candidato à liderança do PSD Jorge Moreira da Silva defendeu hoje ser a única solução para quatro anos, considerando que o seu adversário Luís Montenegro representa "uma solução tática" apenas para dois anos de desgaste do PS.
No encerramento da campanha, um arraial organizado na Junta de Freguesia de Belém (em Lisboa), onde vive, Moreira da Silva manifestou a convicção de que vencerá as eleições diretas de sábado e relembrou, sem o mencionar, a vitória inesperada de Cavaco Silva frente a João Salgueiro em 1985.
"Não é por ter andado em Paris, em Nova Iorque e Bruxelas que perdi o pé e o jeito para o partido. O que conta é a empatia, a confiança, a credibilidade e também em '85 era suposto que ganhasse uma pessoa e ganhou outra`. E eu acho que amanhã vamos dar uma grande vitória", disse, apelando a que todos os militantes votem.
Perante cerca de uma centena de pessoas num ambiente informal, com bifanas e imperiais, o antigo 'número dois' procurou resumir a escolha entre si e o antigo líder parlamentar Luís Montenegro, a que chamou solução "dois em um" ou "um em um".
"A solução é muito simples: uma solução um mais um é aquela em que escolhemos alguém agora e depois temos de escolher alguém daqui a dois anos; ou uma solução dois em um para podermos dar uma resposta integral aos dois objetivos: refundar o partido e conseguir protagonizar uma alternativa e uma oposição ao PS", definiu.
Ou seja, para Moreira da Silva votar em Montenegro "é uma solução tática" em que o partido "escolhe alguém com perfil de porta-voz e de contestação" e daqui a dois anos, nas próximas diretas, "aí sim o PSD apresentará outra pessoa para protagonizar a alternativa".
No entanto, alertou, o PSD pode ter de disputar eleições mais cedo e aí o partido será "apanhado em falso".
"Eu preconizo uma solução dois em um, que é escolher alguém que seja capaz de fazer oposição firme, enérgica e eficaz - o que conta é a eficácia, não são os decibéis -, mas também que seja capaz de apresentar uma visão com projeto, com propostas que seja capaz de libertar potencial desenvolvimento do país", defendeu.
É essa, aliás, a razão apontada pelo antigo dirigente do PSD para se ter demitido do cargo que ocupava na OCDE para disputar neste momento as eleições internas.
"De pouco valia ter pensado o país, ter agregado pessoas em torno de uma reflexão estratégica se, na altura em que era mesmo necessário, mantivesse o meu pensamento para Portugal no bolso à espera que me viessem com a chave da São Caetano à Lapa [sede do PSD} e a de São Bento [residência do primeiro-ministro] na mão porque era mais fácil", disse.
O candidato reiterou, como tem afirmado ao longo da campanha, recusar "fazer política com a calculadora no bolso", e citou o fundador do partido Francisco Sá Carneiro: "A política sem risco é uma chatice e sem ética é uma vergonha".
Moreira da Silva disse ter feito campanha não de comícios, mas de sessões em diálogo com militantes - "falei tanto para 300 pessoas como para 14" -, voltou a responsabilizar o seu adversário pela ausência de debates e desvalorizou o facto de não contar com o apoio de nenhum dirigente distrital ou regional.
"É não conhecer o partido pressupor que 21 pessoas mandam no partido. Tenho o maior respeito pelos dirigentes distritais e regionais, mas pressupor que as eleições são determinadas por 21 pessoa e não pela vontade individual de 44 mil militantes com quotas pagas é não conhecer a história do PSD", considerou.
Marcaram presença no encerramento de campanha de Moreira da Silva figuras do partido como o antigo ministro Pedro Roseta e a filha e vereadora municipal Filipa Roseta, o antigo secretário de Estado Henrique Freitas, o presidente da junta de freguesia do Lumiar Ricardo Mexia, os deputados António Prôa, Joana Barata Lopes e Lina Lopes, presidente da estrutura informal do PSD Mulheres Social-Democratas.
O atual secretário-geral adjunto da direção de Rui Rio João Montenegro, o diretor de campanha e deputado Carlos Eduardo Reis e a mandatária distrital e bastonária da Ordem dos Enfermeiros Ana Rita Cavaco foram outros dos apoiantes presentes neste 'fecho' da campanha interna.
As eleições diretas para escolher o próximo presidente do PSD realizam-se no sábado entre as 14:00 e as 20:00 em todo o país.