Pentágono não descarta entregar a Kiev foguetes militares de longo alcance
O Pentágono revelou hoje que não descarta a possibilidade de entregar foguetes militares de longo alcance à Ucrânia, para neutralizar o avanço das forças russas no Donbass, no leste do país europeu.
A observação foi feita pelo porta-voz do Pentágono, John Kirby, numa conferência de imprensa em que adiantou que os Estados Unidos sabiam que os ucranianos iriam precisar de foguetes militares de longo alcance desde o momento em que Rússia decidiu concentrar-se no Donbass.
Sem querer especificar se Washington finalmente vai entregar este tipo de armamento a Kiev, John Kirby enfatizou que o Departamento de Defesa norte-americano trabalha todos os dias para levar armas e sistemas defensivos para a Ucrânia.
"Estamos em constante diálogo com eles [ucranianos] sobre as suas necessidades", disse o porta-voz do Pentágono.
John Kirby disse ainda que os Estados Unidos estão conscientes de que os ucranianos solicitaram "privada e publicamente" sistemas de foguetes com múltiplos lançadores, sem querer confirmar se vão ser finalmente fornecidos.
O porta-voz acrescentou que até agora o país forneceu a Kiev 10 pacotes de ajuda e que o 11.º está preparado.
Kirby lembrou que a situação é "muito dinâmica" no Donbass.
"Há cidades e vilas que caem nas mãos dos russos num determinado dia, e depois os ucranianos recuperam-nas. Há muito 'tira e dá'", indicou.
No entanto, admitiu que os russos estão a obter "ganhos crescentes" no Donbass.
A rede de televisão norte-americana CNN, que citou um funcionário do Governo, garantiu que a Casa Branca poderá anunciar, já na próxima semana, o envio para a Ucrânia de sistemas de foguetes de lançamento múltiplo, conhecidos como MLRS, na sigla em inglês, dentro de um pacote de assistência militar mais amplo para defesadefesa da invasão russa.
A guerra na Ucrânia, que hoje entrou no 92.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,6 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou na quinta-feira que 3.974 civis morreram e 4.654 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.