Separatistas pró-russos afirmam ter capturado a cidade-chave de Lyman
Separatistas pró-russos anunciaram hoje a conquista da cidade de Lyman, no lado oriental da Ucrânia, entre as regiões de Sloviansk e Kramatorsk, um ataque que ainda não foi confirmado pelas tropas ucranianas.
Na rede social Telegram, o Estado-Maior de Defesa Territorial da autointitulada República de Donetsk afirmou ter "tomado o controlo total" de "KransnyLyman", a antiga denominação da cidade de Lyman, recorrendo a unidades militares da região separatista de Lugansk e ao "apoio de fogo" das forças armadas russas.
Lyman é um centro ferroviário central a nordeste da cidade simbólica de Sloviansk, que foi recapturado de separatistas pró-russos em 2014 por Kiev. Kramatorsk é a capital da área controlada pela Ucrânia na região de Donetsk.
A conquista de Lyman levantaria um obstáculo às tropas russas na captura de Sloviansk e de Kramatorsk, ao mesmo tempo que facilitaria a tentativa de cercar as regiões de Severodonetsk e Lysychansk, duas outras importantes cidades ucranianas situadas mais a leste.
O ataque ainda não foi reivindicado pelo lado russo nem confirmado pelas tropas ucranianas, mas na passada terça-feira, os separatistas já asseguravam que metade de Lyman estava sob o seu controlo.
Um governador regional ucraniano afirmou que, durante as últimas 24 horas, quatro pessoas foram mortas na cidade oriental de Severodonetsk, bem como se registou outra vítima mortal na aldeia de Komushuavakha, devido aos bombardeamentos russos.
Serhiy Haidai, governador da região de Lugansk, escreveu hoje no Telegram que "os moradores de Severodonetsk já não se lembram da última vez em que houve silêncio na cidade durante, pelo menos, meia hora", afirmou, acrescentando que "os russos estão a atacar incansavelmente os bairros residenciais".
Segundo o presidente da câmara de Severodonetsk, Oleksandr Stryuk, 60% dos edifícios residenciais da cidade foram destruídos, enquanto 85 a 90% destas infraestruturas está danificada e precisa de grandes reparações.
A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,6 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU já confirmou que 3.974 civis morreram e 4.654 ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.