Madeira

Cidade inteligente sim, mas sem comprometer o bem-estar de todos

Pedro Calado defende evolução equilibrada para não afastar da sociedade os mais idosos

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Orador convidado no painel relacionado com as cidades inteligentes, no âmbito da conferência 'Tecnologia: a próxima geração', promovida pela Altice, no Savoy Palace Hotel, o presidente da Câmara Municipal do Funchal quer fazer da capital madeirense “uma cidade moderna, evoluída e dinâmica”, mas não a qualquer preço. Muito menos à custa da população menos jovem, faixa etária onde é mais evidente a iliteracia informática.

Defensor das cidades inteligentes e sustentáveis, considera que este avanço deve ser feito ajustado às necessidades da população menos tecnológica, ou seja, “de ‘mãos dadas’ com o necessário equilíbrio para garantir o bem-estar de toda a população.

Foi à margem da conferência promovida pela Altice Empresas, que junta na Madeira, esta quinta-feira, vários oradores de renome para exporem as tendências da próxima geração tecnológica, em sectores vitais como a segurança, turismo, 'smart cities' e saúde, que Pedro Calado sintetizou a sua intervenção.

Embora defensor de uma cidade também tecnologicamente desenvolvida, o autarca funchalense chama a atenção para a necessidade de não se perder a noção do contexto em que nós vivemos, nomeadamente “do tipo de população que nós temos”, pese embora o carácter turístico do Funchal. Sustenta por isso que importa ter uma cidade “preparada para os jovens” mas “sem esquecer os menos jovens, que são a grande parte da nossa população”, sublinha.

Por ser a faixa mais idosa a que tem menor literacia informática, Pedro Calado defende programadas de “integração” que ajudem a “preparar essas pessoas para começar a conviver com a tecnologia” e nunca “os afastar da sociedade” face ao inevitável desenvolvimento tecnológico. Só com a integração de todos o Funchal poderá ser uma cidade preparada.

“Se queremos uma cidade de futuro, temos que dotá-la de infra-estruturas tecnológicas”, assume. Dá o exemplo da aposta na rede 5G, onde já há investimento elevado em infra-estruturas, caso dos “mais de 8 quilómetros de cabo de fibra óptica passados entre os nossos edifícios, precisamente para termos as redes WiFi preparadas, sobretudo para a rede 5G”, apontou.

O mesmo em relação ao “centro informação e de inovação que está a ser preparado para, até ao final deste ano, estar pronto. É onde vamos centralizar toda a informação que é produzida, quer pelos munícipes, quer por todos os nossos departamentos, infra-estrutura municipal que vai permitir um acompanhamento quase que permanente e online” em diversas áreas. Desde a monitorização das redes de água, aos estacionamentos, entre muitos outros serviços.

Argumentos para reafirmar que quer “uma cidade desenvolvida, preparada para receber turismo e também preparada para ter os nossos estudantes com capacidade de enfrentar esta tecnologia”.

Destaca a “aposta muito grande” no centro cultural e de investigação, que estava só inicialmente pensado para a cultura, mas que será reforçado com tecnologia de informática e de robótica e de e-games, “precisamente para acompanhar estas novas evoluções”. Obra que estará concluída até final do mês de Julho, esperando que “a partir de Setembro ou Outubro” reúna as condições para “começar a receber jovens e funcionar como uma incubadora” na área tecnológica. Sustenta que também importa reunir condições “para ensinar esta tecnologia aos mais velhos. E é nisso que estamos a trabalhar. Fazer a congregação de esforços e de interesses de todos aqueles que participam activamente na sociedade, mas sobretudo ‘dar mãos’ à tecnologia e permitir que este desenvolvimento aconteça e seja para o bem-estar de toda a população. Nós não somos fundamentalistas nem vou atrás de nenhum conceito pré-determinado e europeu, nem atrás de questões ambientais ou questões informáticas. Tudo há-de ser feito a seu tempo, mas ajustado em função das necessidades que a população tem”, concretizou.