Trump mantém presença no encontro do poderoso 'lobby' de armas apesar do massacre no Texas
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assegurou esta quarta-feira que irá discursar na reunião anual do poderoso 'lobby' de armas da Associação Nacional de Armas (NRA) no Texas, apesar do recente massacre numa escola deste Estado.
"A América precisa de soluções reais e liderança real neste momento, não de políticos e considerações partidária", referiu o magnata republicano através da sua rede social, Truth Social.
"É por isso que vou honrar o meu compromisso de longa data de falar na convenção da NRA no Texas", acrescentou, prometendo um "importante discurso ao povo norte-americano".
Trump está, desta forma, a posicionar-se clara e deliberadamente de forma oposta ao seu sucessor, o democrata Joe Biden.
Joe Biden disse esta terça-feira "que tiroteios em massa não acontecem em mais lugar nenhum do mundo com a frequência que acontecem na América" e pediu que o país enfrente o 'lobby' das armas.
Num discurso emocionado à nação, face ao tiroteio numa escola primária no Texas, Biden afirmou que quando se tornou Presidente não esperava ter de fazer este tipo de declarações novamente.
Nos Estados Unidos, os tiroteios são um flagelo recorrente que os sucessivos governos até agora não conseguiram conter, incapazes de adotar qualquer lei nacional ambiciosa sobre o assunto, em particular devido ao poder destes 'lobbys' pró-armas.
A NRA denunciou hoje um ato de "um criminoso isolado e perturbado" e isentou-se de toda a responsabilidade pelo massacre, confirmando também que mantinha o seu encontro anual em Houston, Texas.
Pelo menos 21 pessoas, incluindo 19 crianças e dois adultos, morreram neste massacre, que aconteceu na terça-feira numa escola primária na cidade na cidade de Uvalde, no estado norte-americano do Texas.
O autor, residente em Uvalde, entrou no estabelecimento de ensino com um revólver e possivelmente uma espingarda e abriu fogo, de acordo com o governador do Texas, Greg Abbott.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, ordenou que as bandeiras do país fossem colocadas a meia haste devido ao massacre.
Greg Abbott divulgou hoje que, para além dos 21 mortos, há 17 feridos, três destes polícias, embora nenhum esteja em perigo de vida.
O governador do Texas acrescentou que ainda não é conhecido o motivo pelo qual Salvador Ramos entrou na escola a abriu fogo contra alunos e professores.
O jovem de 18 anos, que não tinha antecedentes criminais nem histórico de problemas mentais, utilizou uma arma semiautomática AR15.
As reações sucedem-se perante o massacre com mais vítimas mortais nos Estados Unidos este ano e ocorreu dez dias depois de dez pessoas terem sido mortalmente baleadas num supermercado em Buffalo, no Estado de Nova Iorque, num ataque com motivações racistas.
Além disso, é o segundo massacre mais mortífero da última década num estabelecimento de ensino, depois do perpetrado em 2012 na escola de Sandy Hook, em Newton, no Estado do Connecticut, em que morreram 26 pessoas, a maioria das quais crianças.