Tribunal indiano condena líder de Caxemira à prisão perpétua
Um tribunal indiano condenou hoje um líder separatista de Caxemira à prisão perpétua, por ser culpado de terrorismo e rebelião, desencadeando um confronto entre manifestantes e a polícia e um encerramento parcial de lojas na área controlada pela Índia
Mohammed Yasin Malik, de 56 anos, liderou a Frente de Libertação de Jammu e Caxemira, um dos primeiros grupos rebeldes armados na zona controlada pela Índia, mas depois mudou para meios pacíficos em busca do fim do domínio indiano.
"As acusações sobre terrorismo contra mim são inventadas, fabricadas e politicamente motivadas. Se procurar [liberdade] é um crime, então eu estou pronto para aceitar esse crime e as suas consequências", disse Mohammed Yasin Malik ao juiz.
Caxemira, de maioria muçulmana, está dividida entre a Índia e o Paquistão desde que os colonialistas britânicos lhe concederam a independência em 1947. Ambos os países reivindicam a região na sua totalidade e travam conflitos pelo seu controlo.
Mohammed Yasin Malik foi preso em 2019 e condenado na semana passada por acusações de cometer atos terroristas, levantar fundos ilegalmente, pertencer a uma organização terrorista e conspiração criminosa e rebelião.
Os procuradores disseram que o juiz rejeitou o pedido de uma sentença de morte.
O Governo indiano baniu a organização de Mohammed Yasin Malik em 2019, acusando-a de financiar o terrorismo e culpando-a pelas mortes de minorias hindus na região dos Himalaias.
O primeiro-ministro do Paquistão, Shahbaz Sharif, condenou a sentença de Mohammed Yasin Malik.
"Hoje é um dia negro para a democracia indiana e o seu sistema de justiça. A Índia pode prender Yasin Malik fisicamente, mas nunca pode aprisionar a ideia de liberdade que ele simboliza. A prisão perpétua para o valente combatente da liberdade vai dar um novo impulso ao direito de autodeterminação de Caxemira", escreveu no Twitter o chefe de Estado paquistanês.
Mohammed Yasin Malik já havia sido preso durante um ataque de tropas indianas em 1990, mas foi libertado em 1994.
Em 2008, o separatista ajudou a liderar uma revolução anti-Índia com protestos em larga escala que marcaram uma alteração do conflito armado para resistência não-violenta.
Nos anos seguintes, Mohammed Yasin Malik chefiou reuniões públicas para procurar o fim do domínio indiano, tendo realizado várias rondas de negociações malsucedidas com o Governo indiano.