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União Africana defende levantamento de sanções a cereais e fertilizantes russos

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A União Africana (UA) defende um levantamento de embargos a fertilizantes e cereais russos e ao pagamento de importações em rublos devido risco de "fome generalizada" em África, afirmou hoje o atual presidente, Macky Sall, chefe de Estado do Senegal. 

Numa conversa com o empresário e filantropo sudanês Mo Ibrahim, no âmbito de um Fórum sobre o impacto das alterações climáticas em África, Sall disse que é urgente "um cessar-fogo, permitindo que a Ucrânia reexporte os seus cereais, inclusive para a África e o resto do mundo, mas também autorize a Rússia a vender fertilizantes e cereais".

"Para isso, é necessário levantar as sanções que dizem respeito ao modo de pagamento, pelo menos no que diz respeito a estes produtos [alimentares] vitais para o desenvolvimento de África", vincou.

Rússia e a Ucrânia são dois dos maiores produtores mundiais de cereais e fertilizantes, sendo responsáveis por mais de metade do fornecimento mundial de óleo de girassol e de 30% do trigo, em grande parte para o continente africano.

As dificuldades na exportação dos cereais devido à guerra e as sanções económicas à Rússia diminuíram a disponibilidade daqueles produtos no mercado, fazendo disparar os preços nos mercados internacionais. 

Sall disse que em África já está a registar-se uma "inflação galopante" dos preços dos cereais, de bens alimentares e uma "explosão" dos preços da energia.   

"As economias frágeis como as africanas sofrem muito mais do que as outras, pois não têm os mesmos mecanismos para amortecer esta crise", afirmou, referindo que as economias africanas já estavam fragilizadas pela crise económica causada pela pandemia covid-19. 

O presidente senegalês defendeu que África use "todo o seu peso para parar a guerra".

"Para parar a guerra, temos que falar entre parceiros e entre beligerantes e permitir, enquanto negociamos, a exportação de cereais para evitar a fome e para evitar que os países que dependiam desse fertilizante não sintam consequências desastrosas", vincou.

Macky Sall revelou no fim-de-semana que pretendia viajar até Moscovo e Kiev em breve depois de as visitas programadas na semana passada terem sido adiadas. 

Dezassete países africanos causaram consternação ao opor-se ou abster-se a uma resolução da Assembleia-Geral da ONU em março que condenava a Rússia pela invasão da Ucrânia e exigia a retirada imediata das tropas russas.

A Eritreia votou contra, 16 abstiveram-se (Argélia, Angola, Burundi, República Centro-Africana, República do Congo, Madagáscar, Mali, Moçambique, Namíbia, Senegal, África do Sul, Sudão do Sul, Sudão, Uganda, Tanzânia e Zimbabué) e nove (Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Burkina Faso, Essuatíni, Etiópia, Guiné-Conacri, Marrocos, Camarões e Togo) não participaram na votação.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro , a qual foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.