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José Maria Ricciardi reitera consciência tranquila antes de interrogatório

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O antigo presidente do Banco Espírito Santo Investimento (BESI), José Maria Ricciardi, assegurou hoje estar totalmente de consciência tranquila com a sua conduta nos problemas que levaram ao colapso do Grupo Espírito Santo (GES), em 2014.

Em declarações aos jornalistas antes de ser ouvido como testemunha na instrução do processo BES/GES, no Campus da Justiça, em Lisboa, o antigo membro da comissão executiva do BES disse não saber aquilo que lhe vão perguntar nesta diligência conduzida pelo juiz Ivo Rosa, do Tribunal Central de Instrução Criminal, mas prometeu dar "o melhor" pela descoberta da verdade.

"Um administrador de um banco é obrigado a um conjunto de deveres que tem de cumprir. Tem de dar a conhecer, tem o dever de diligência e eu tentei fazer o melhor na altura. Fiz o que podia", sublinhou.

Embora já tenha assumido não ter hoje qualquer relação com o primo e antigo presidente do GES, Ricardo Salgado, José Maria Ricciardi garantiu não misturar questões pessoais com os factos deste processo, nem fazer juízos sobre o ex-banqueiro.

"Tento ser o mais objetivo possível, não confundo as coisas. Já se passou bastante tempo, mas vamos ler e rever aquilo que se passou. Tento dizer aquilo que vi e que fiz. Caberá a estes senhores aqui dentro decidir com todos os direitos e com a presunção de inocência. Não faço julgamentos de ninguém", explicou.

Esta é já a segunda vez que José Maria Ricciardi se desloca ao Campus da Justiça para ser inquirido no âmbito da fase de instrução. A audição enquanto testemunha no processo BES/GES esteve agendada para o passado dia 26 de abril, mas o seu depoimento acabou por ser adiado para hoje, uma vez que as diligências daquele dia estavam atrasadas.

O processo BES/GES conta com 30 arguidos (23 pessoas e sete empresas), num total de 361 crimes.

Considerado um dos maiores processos da história da justiça portuguesa, este caso agrega no processo principal 242 inquéritos, que foram sendo apensados, e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro. Segundo o Ministério Público (MP), cuja acusação contabilizou cerca de quatro mil páginas, a derrocada do Grupo Espírito Santo (GES), em 2014, terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.