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Joe Biden pede que país enfrente 'lobby' das armas

Foto  EPA/JIM LO SCALZO/POOL
Foto  EPA/JIM LO SCALZO/POOL

O Presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou na terça-feira "que tiroteios em massa não acontecem em mais lugar nenhum do mundo com a frequência que acontecem na América" e pediu que o país enfrente o 'lobby' das armas.

Num discurso emocionado à nação, face ao tiroteio numa escola primária no Texas, que causou a morte de pelo menos 21 pessoas, Joe Biden afirmou que quando se tornou Presidente não esperava ter de fazer este tipo de declarações novamente.

"Outro massacre numa escola primária do Texas. Lindas e inocentes crianças do segundo, terceiro e quarto ano. (...) Como nação, temos que perguntar: quando, em nome de Deus, vamos enfrentar o 'lobby' das armas?", disse.

Biden questionou então o facto de outros países ao redor do mundo não terem o mesmo problema com tiroteios em massa.

Outros países "têm problemas de saúde mental. Há disputas domésticas em outros países. Eles têm pessoas perdidas. Mas esses tipos de tiroteios em massa não acontecem com a frequência que acontecem nos Estados Unidos. Porquê? Porque é que estamos dispostos a viver com essa carnificina? Porque é que continuamos a deixar isso acontecer?", indagou.

"Onde, em nome de Deus, está a nossa espinha dorsal para ter coragem de lidar e enfrentar os lobistas? (...) Há muito que não sabemos sobre este tiroteio, mas há muito que sabemos: pais não voltarão a ver os seus filhos, pais que nunca serão os mesmos. Perder um filho é como ter uma parte da alma arrancada", acrescentou.

O chefe de Estado disse então estar "cansado" deste tipo de crimes no país e apelou à ação para travar "esta carnificina".

"Temos de ter coragem para nos levantarmos contra esta indústria. (...) Temos de fazer mais. É errado um miúdo de 18 anos poder entrar numa loja e comprar uma arma", frisou.

Ao lado da primeira-dama, Jill Biden, o Presidente norte-americano falou ao país logo após regressar de uma viagem de cinco dias à Ásia, tendo sido informado do massacre na escola primária quando ainda estava no avião.

Apenas dois dias antes de Biden partir para a Ásia, o chefe de Estado tinha-se encontrado com as famílias das vítimas de um ataque de ódio que matou 10 afro-americanos num supermercado em Buffalo, no estado de Nova Iorque.

Ao discursar à nação, Biden lembrou o tiroteio em massa de 2012 em Sandy Hook que custou a vida de 20 crianças e seis adultos, assim como outros massacres que se seguiram.

"Desde então, registaram-se mais de 900 incidentes de tiroteios relatados nas dependências de escolas. (...) A lista cresce ainda mais quando incluímos tiroteios em massa em lugares como cinemas, casas de culto, ou, como vimos há apenas 10 dias, num supermercado em Buffalo, Nova Iorque", recordou.

Também a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, pediu "coragem para agir" sobre a regulamentação de armas.

"Basta, já é demais. Os nossos corações continuam partidos", salientou Kamala Harris na terça-feira, numa referência aos tiroteios em escolas nos Estados Unidos.

"Devemos encontrar coragem para agir e entender o nexo do que constitui uma política pública razoável e sensata", acrescentou a vice-presidente norte-americana, num discurso dirigido ao Congresso, que tem sido incapaz de aprovar uma lei sobre as armas no país.

Pelo menos 21 pessoas morreram, incluindo 18 crianças e três adultos, segundo um novo balanço do tiroteio que ocorreu esta terça-feira numa escola primária na cidade na cidade de Uvalde, no estado norte-americano do Texas.

O senador estatal Roland Gutierrez explicou que foi informado pela polícia sobre o mais recente balanço, que eleva o total para 21 mortes.

Gutierrez não especificou, no entanto, se o atirador de 18 anos, que foi abatido pelas autoridades, está incluído neste último relatório.

Três pessoas que ficaram feridas no ataque estão hospitalizadas em estado grave, acrescentou o senador à agência Associated Press (AP).