Gratuitidade vs gestão sustentável
A questão da gratuitidade nos museus e áreas naturais é um assunto que não é consensual na nossa sociedade, está associado à democratização do acesso à cultura e políticas de gestão. Procurei fundamentos.
Desde o séc. XVIII os gestores públicos debatem-se com a gratuitidade da cultura nos museus. O conceito foi evoluindo até que se chegou à conclusão que estes espaços culturais tinham muitos custos de manutenção, de pagamento dos funcionários, de investimento para adquirir novas coleções e assim surgiu o modelo das entradas pagas. Na atualidade com a elevada procura das atividades na Natureza, com uma afluência crescente de visitantes aos espaços naturais e sendo a Natureza um dos pilares do turismo, surge outras questões: Como gerir os Museus Vivos, as infraestruturas em Parques Naturais (mar e floresta) e os Jardins públicos?
Se os Museus clássicos têm dificuldades, então como resolver a manutenção de um espaço natural, quando todos os dias as entidades confrontam-se com o excesso de lixo, de dejetos humanos e de animais de companhia; com os atos de vandalismo e de falta de responsabilidade; com o desgaste dos trilhos devido ao excesso de carga humana; com os fenómenos naturais frequentes; com a preservação da natureza e com o respetivo investimento em projetos de recuperação de espécies, de áreas naturais classificadas e protegidas?
Como reduzir estes custos? Estabelecendo um imposto e acrescentando aos demais? Ou regulamentando entradas pagas simbólicas que vão contribuir para a manutenção? E prossigo: Como gerir de modo sustentável a cultura da gratuitidade, a democratização do acesso ao Património cultural ou natural; Como encontrar um ponto de equilíbrio entre a gratuitidade - ferramenta de atratividade e a responsabilidade da entidade que deve efetuar a manutenção?
Termino com uma ideia pessoal: Que a gestão sustentável seja pensada e encarada, projetando o legado que a nossa geração deve deixar para as gerações futuras e não um instrumento de debate pouco criterioso!
Paula Marília Figueira