Rússia está a abrandar ofensiva para "evitar baixas civis"
A Rússia afirma que está a abrandar a ofensiva na Ucrânia para "evitar baixas civis", disse hoje o ministro da Defesa russo, reafirmando que as forças russas não atacam infraestruturas civis, apesar das imagens de cidades destruídas.
"As forças armadas russas, ao contrário das ucranianas, não atacam as infraestruturas civis onde os civis possam estar localizados", disse Serguei Shoigu durante uma reunião do Conselho de Ministros da Defesa da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), citado pela agência russa TASS.
Shoigu disse que as "posições de tiro inimigas identificadas e as instalações militares são atingidas por armas de precisão".
Sobre a alegada lentidão da operação iniciada há três meses, Shoigu disse que estão a ser criados corredores humanitários, o que abranda a velocidade da ofensiva.
"Mas isto está a ser feito deliberadamente, a fim de evitar baixas civis", justificou, segundo a TASS.
As autoridades ucranianas têm acusado a Rússia de destruir deliberadamente infraestruturas civis, como edifícios residenciais, escolas e hospitais.
Os meios de comunicação social internacionais que acompanham a guerra têm divulgado imagens que mostram um elevado grau de destruição de várias cidades ucranianas.
As forças russas alegam que as infraestruturas civis que atacam eram usadas pelos militares ucranianos.
Numa visita a Irpin, perto de Kiev, em 28 de abril, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o "cenário horrível" que ali encontrou demonstrava que os civis pagam o "preço mais alto" numa guerra.
Durante a visita, as forças russas atacaram Kiev e um míssil destruiu um prédio não muito longe do hotel onde estava Guterres, matando uma jornalista ucraniana que ali vivia.
Na reunião da OTSC, que integra seis antigas repúblicas soviéticas, Shoigu advertiu os aliados da Rússia que estão sob "forte pressão" devido à guerra na Ucrânia e prometeu "toda a assistência necessária" face a qualquer ameaça.
"Sabemos quanta pressão existe agora sobre os nossos aliados. Ameaças, chantagem, intrigas? Tudo isto exige que estejamos ainda mais ativamente unidos e que coordenemos as nossas ações", disse Shoigu, citado pela agência espanhola Europa Press.
O ministro russo lamentou que o Ocidente esteja a tentar "minar as relações e alianças entre os países da OTSC".
"Estamos determinados a desenvolver a cooperação no âmbito da organização e nas principais áreas. É especialmente importante porque os países ocidentais estão a trabalhar para minar estas relações", disse.
Shoigu acrescentou que as sanções decretadas pelo Ocidente contra a Rússia e a assistência militar e técnica prestada a Kiev "não impedirão Moscovo de cumprir a sua missão na Ucrânia".
Criada em 1992, após a dissolução da União Soviética, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva é uma aliança militar formada por Arménia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tajiquistão.
A guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro, entrou hoje no quarto mês sem um balanço independente de vítimas, civis e militares.
A ONU confirmou a morte de quase 4.000 civis, com a ressalva de que o número real deverá ser consideravelmente superior.