As mãos de uma mulher
As mãos de uma mulher são o elo entre a emoção, o amor, o querer e o sentir
Na preparação da crónica mensal que vou partilhando com quem tem a paciência de me ler, dei comigo a cogitar que tenho tido por norma escrever sobre emoções que possam ser sentidas por qualquer um de nós no dia-a-dia que passa a correr sem deixar um espaço pequeno que seja para podermos apreciar a vida em tudo o que ela contém, e deixar os grandes temas das várias actualidades, que variam de acordo com as afinidades de cada um, que passam por coisas simples como o futebol (o fora de jogo analisado até a exaustão) até coisas mais complicadas como a guerra ou a pandemia (com os múltiplos especialistas de especialidades tão complexas a debitarem sabedoria a vários quilómetros por segundo).
Não que não me apeteça “cascar” nas asneiras com que me vou deparando quase diariamente em quase todos os níveis da actividade humana, pois sim, apetece sim senhor, mas corro o risco de ser “politicamente incorrecto”, coisa que traria algumas contrariedades, umas expectáveis, outras inexplicáveis.
E é por isso, para manter uma norma que é minha (posso sempre abrir uma excepção se a conjuntura exigir), porque é Maio, porque é Primavera, porque é o mês de Maria, Mãe de Jesus, padroeira de Portugal, que partilho uma outra forma de olhar, uma outra forma de apreciar a beleza que a natureza nos presenteia diariamente, assim a queiramos ver.
Sempre tive, desde que me conheço, um fascínio por tudo o que pode representar uma mulher, em qualquer das inúmeras variáveis por onde possam ser olhadas e admiradas.
Independentemente da beleza que se vê ao primeiro olhar, têm também ume miríade de outras belezas, umas visíveis, outras escondidas, umas evidentes, outras a necessitarem de uma busca mais profunda, outras ainda a necessitarem da ajuda de alguma imaginação e querer…
Mas dentro de toda essa miríade de belezas, há uma que é particular de cada uma mas mesmo assim comum a todas:
as mãos!
As mãos de uma mulher podem ser de muitas formas:
podem ser mais finas ou mais grossas, mais claras ou mais escuras, podem ser calejadas ou arranjadas por manicures dispendiosas, com a unhas mais ou menos tratadas (bem, às vezes vê-se cada aberração, que valha-nos Deus, mas enfim…), podem ser mais compridas ou mais curtas, de trabalhadora do campo ou de pianista, isto é, podem ter a forma e o arranjo que tiverem, que hão de ter, todas, uma particularidade que só as mulheres têm:
as mãos de uma mulher transmitem muito mais do que os gestos habituais e normais de uma conversa.
As mãos de uma mulher transmitem suavidade e serenidade, mas podem também transmitir zanga e fúria.
As mãos de uma mulher transmitem carrinho e amor e têm sempre associado o perdão, para que a zanga e a fúria que possam eventualmente transmitir sejam, mais tarde, recordadas como serenidade e suavidade.
As mãos de uma mulher são o elo entre a emoção, o amor, o querer e o sentir, são a força que transmite muito mais do aquilo que pretendem demonstrar.
As mãos são o espelho da miríade de belezas que pode ter uma mulher
(e por mais que se esforcem, os homens nunca terão o poder que uma mulher tem nas suas mãos)!
E ao escrever esta crónica em jeito de homenagem à beleza feminina, lembrei-me de umas mãos especiais, de umas mãos cheias de carinho, cheias de música, cheias de amor, cheias de tudo o que pode fazer esquecer uma ou outra palmada bem aplicada nas alturas certas, de umas mãos que não fazem esquecer a saudade: as mãos da minha Mãe!