EMA admite recomendar para toda a população quarta dose de vacina adaptada
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) disse hoje à Lusa que, "se a situação epidemiológica atual mudar e surgirem novos sinais" no outono, poderá ser necessário recomendar para toda a população uma quarta dose de vacina contra a covid-19 adaptada.
"Se a situação epidemiológica atual mudar e surgirem novos sinais, pode tornar-se necessário considerar uma quarta dose", disse fonte oficial da EMA, em resposta escrita hoje enviada à agência Lusa.
Numa altura em que a União Europeia (UE) regista um elevado número de novos casos de infeção com o coronavírus SARS-CoV-2 e em que teme o surgimento de novas variantes com o levantamento das restrições, a EMA aponta que, "como as campanhas de reforço da vacinação poderão começar no outono de 2022, as autoridades considerarão a melhor altura para doses adicionais, possivelmente tirando partido de vacinas adaptadas".
Para já "é demasiado cedo para considerar a utilização de uma quarta dose de vacinas mRNA contra a covid-19 -- as vacinas Comirnaty da Pfizer e Spikevax da Moderna -- na população em geral", embora as autoridades europeias recomendem esta segunda dose de reforço para idosos ou pessoas com mais risco para doença grave como imunodeprimidos.
Falando sobre a adaptação das atuais vacinas, o regulador da UE disse à Lusa estar em "estreita ligação com os fabricantes de vacinas para orientar e dirigir os seus esforços no sentido de desenvolver vacinas adaptadas que abordem as variantes atuais e emergentes do vírus e ofereçam uma proteção acrescida e a longo prazo".
De acordo com a EMA, "estão em curso discussões com os fabricantes sobre o progresso dos ensaios clínicos com vacinas de investigação com composição atualizada".
A agência europeia garante que "se as vacinas adaptadas forem bem sucedidas nos ensaios clínicos, o que significa que provam ser superiores na indução de uma resposta de anticorpos protetores em comparação com as vacinas atualmente aprovadas, poderiam ser aprovadas até ao outono de 2022", o que permitira então aos fabricantes ajustar as suas linhas de produção nessa altura.
"A EMA emitirá pareceres científicos recomendando a aprovação de vacinas adaptadas se os dados apresentados pelos fabricantes confirmarem a segurança e a resposta imunológica destas vacinas nas populações definidas", acrescenta.
Embora o regulador da UE tenha de autorizar estas vacinas adaptadas para o espaço comunitário, cabe às autoridades nacionais de saúde tomar decisões finais sobre as campanhas de vacinação, incluindo doses de reforço, tendo em conta fatores como a propagação da infeção, os efeitos da covid-19 em diferentes populações e o aparecimento de novas variantes.
Dados de uma outra agência europeia, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), revelam que perto de 337 milhões de pessoas foram vacinadas na UE contra a covid-19, tendo sido administradas também 232 milhões de doses adicionais.
Isto significa que 72,6% da população total da UE completou o ciclo primário de vacinação e 51,8% recebeu uma dose adicional.
Até agora, registaram-se cerca de 195 milhões de infeções e mais de dois milhões de mortes devido à covid-19 na Europa.