Margarida Camacho arrasa gestão de Rui Alves
Antiga responsável pela SAD do clube insular aponta a "prejuízos financeiros graves" da actual direcção em véspera de "dia importante" no tribunal
Em véspera de se sentar em tribunal para contestar o despedimento do Clube Desportivo Nacional, por alegadamente terem sido detectadas irregularidades financeiras, a antiga dirigente dos insulares, Margarida Camacho, arrasa publicamente a actual direcção alvinegra e coloca em causa a própria gestão financeira dos insulares.
Ao longo de um extenso texto colocado na sua conta de Facebook, a antiga presidente da SAD do Nacional da Madeira - cargo para o qual foi designada em 2014 por ocasião da candidatura de Rui Alves à presidência da Liga - admitiu que “nunca” falou "sobre o sucedido", neste caso a sua demissão, "apesar da especulação e mentira veiculada”.
Com julgamento marcado para as 9h30 desta terça-feira no Juízo do Trabalho do Funchal, a advogada olha para “mais uma época desportiva frustrada” e questiona “o que será prejuízo financeiro?” - numa clara alusão ao processo que envolveu a sua suspensão, onde alegadamente ter-se-á apropriado de activos financeiros do clube.
Margarida Camacho, que move agora um processo contra o Nacional, elenca uma série de seis questões sobre o que realmente considera "prejuízo financeiro grave", isto sem nunca mencionar o nome do actual presidente do conjunto alvinegro - ainda na última semana Rui Alves reclamou das verbas de apoio ao desporto por parte do Governo Regional: em 2000, na II Liga, o financiamento público era de 1,5 milhões de euros. Agora, 22 anos depois, é 875 mil euros.
Pergunto se hipoteticamente não seria prejuízo financeiro grave comitivas de seis pessoas ao Dubai para contratar um jogador tão importante, tão importante, que seria interessante fazer um paralelo entre o custo de contratação (só contratação) versus minutos de jogo! Margarida Camacho
A primeira questão está desde logo relacionada com a contratação de Sardor Rashidov. Avançado internacional pelo Usbequistão que alinhou em sete jogos pelo Nacional na época 2018/2019 - chegou no mercado de Janeiro - e marcou três golos, curiosamente num hat-trick apontado diante do Feirense. Ao todo foram 452 minutos.
Margarida Camacho fala ainda em “usar a Western Union” - uma casa de câmbio - “para enviar dinheiro para a América do Sul” e proceder à “contratação de um jogador” contactado por um “ser superior”.
As críticas prosseguem, por exemplo, com a alegada distracção “numa negociação com um amigo e ser enganado em alguns milhões de euros” ou o facto de “andar com cheques, contratos e documentação diversa pelas ruas a meio do trânsito e em esplanadas, porque os gestores remunerados não podem ir ao escritório”.
Pergunto se hipoteticamente não seria prejuízo financeiro grave fazer reserva, comprar e efectuar check-in várias vezes para a mesma viagem e no fim nem realizar a deslocação. Margarida Camacho
"Não sou o Jesus Cristo"
Em autêntica revolução no que diz respeito à constituição do plantel de futebol profissional do Nacional, Rui Alves dizia na semana passada que "é uma questão de tempo para que o deslizamento para baixo seja um facto irreversível" e deu como exemplo o União da Madeira.
"Não é por acaso que um outro clube que também já esteve nas ligas profissionais seguiu o caminho que seguiu, não é por acaso, nem só responsabilidade dos dirigentes. Sou o Rui Alves e não sou o Jesus Cristo. Os adeptos têm que se mentalizar para esta nova realidade", precisou o dirigente apontando a voos mais baixos: a luta pela manuntenção.
É muito fácil atribuir à administração e a toda a estrutura do clube responsabilidades, que temos e assumimos, mas no ano de 2000, para estar na II Liga, o financiamento público era de um milhão e meio de euros. Agora, 22 anos depois, é 875 mil euros. Se alguém faz com metade do dinheiro a mesma coisa, não se chama Rui Alves, mas sim, Jesus Cristo. Rui Alves