Dar palco ao conteúdo
Urge repensar as lógicas de animação, tanto de dia, como à noite
Boa noite!
Com o perfil do turista a mudar e com a redescoberta do residente pelos encantos da cidade, o Funchal não pode morrer pouco depois das 17h30 para ressuscitar na manhã do dia seguinte ou ter vida própria apenas nas redondezas dos lugares que vendem poncha, shots e afins, correndo o risco de estigmatização, por mais facilmente gerarem excesso ruído e outros distúrbios.
E para que a cidade seja toda ela dinâmica importa que impulsione ‘spots’ complementares, todos os dias da semana, capazes de garantir pequenos-almoços de trabalho, mostras com memória, almoços arejados, lanches temáticos, tertúlias construtivas, apresentações surpreendentes, jantares fora de formato, serões promissores e festas de quando em vez, apostas que não devem limitar-se às vertentes mais lucrativas, mas sim implicar investimento em conteúdos.
Por exemplo, mais do que música ao vivo a qualquer custo, importa dar palco a quem não o tem nas diversas áreas criativas, se é que queremos aproveitar o talento disperso e sem oportunidade, se é que queremos incentivar os mais jovens que vale a pena haver investimento em formação cultural, se é que queremos começar a ter novas referências nas artes.
Convictos que o dia não pode viver de rituais que fartam e que a noite não tem que começar à hora em que uma geração já dorme e outra está prestes a acordar, aguardemos que as burocracias não atrapalhem os que tentam fazer diferente, para que, de forma inclusiva, haja mais gente feliz.