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Marcelo recorda Sampaio sobre "maior causa de Portugal vivida em democracia"

Foto EPA/ANTONIO DASIPARU
Foto EPA/ANTONIO DASIPARU

O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou o seu antecessor Jorge Sampaio, num discurso no parlamento timorense sobre a independência de Timor-Leste, que apontou como "a maior causa de Portugal vivida em democracia".

"A causa de Timor-Leste foi há 20 anos, tal como é ainda hoje, a maior causa de Portugal vivida em democracia. Como disse então o Presidente Jorge Sampaio nas comemorações da restauração da independência em 2002, ela revelou o melhor de nós, a nossa generosidade, a nossa convicção, a nossa vontade para lutar por uma causa justa", declarou.

Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu o "honrosíssimo convite" para intervir no Parlamento Nacional, em Díli, na sessão solene comemorativa dos 20 anos da Constituição da República Democrática de Timor-Leste, e dirigiu-se "com profunda emoção" aos deputados timorenses.

Num discurso de cerca de 20 minutos, elogiou o "caminho excecional" de Timor-Leste "para a paz universal, com respeito pela diferença de ideias, pensamentos, religiões, maneiras de ser e de estar no mundo", nestas duas décadas como Estado soberano, e citou também o papa Francisco.

"Nas inesquecíveis palavras do papa Francisco: Timor-Leste, o céu resgatou-te para que te abras ao céu. O mundo aprendeu com o povo timorense como pode e deve a vontade coletiva de uma nação ter uma expressão política no quadro respeito pelo direito internacional e das regras de convivência pacifica entre os Estados", disse.

"O mundo aprendeu com o povo timorense a sarar as feridas e a virar a página da História em nome de um ideal de paz, solidariedade, coesão, diálogo, fraternidade, compromisso e crença num futuro merecido por todos", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que a sua intervenção perante o parlamento timorense coincide com o início do mandato de José Ramos-Horta com Presidente da República Democrática de Timor-Leste, funções que o antigo porta-voz da resistência timorense, premiado com o Nobel da Paz em 1996, desempenha pela segunda vez.

Segundo o chefe de Estado português, Ramos-Horta, "pelo seu passado, aos olhos da comunidade internacional já está na História, mas quis o povo timorense que voltasse a fazer História, e essa é uma situação singular e particularmente complexa".

"Estar na História e ser chamado novamente a intervir na História, com tudo o que significa de sujeição, submissão democrática ao escrutínio popular. Cumprimento-o duplamente por isso", afirmou.