Cinco membros da embaixada portuguesa expulsos da Rússia
Cinco funcionários da embaixada portuguesa em Moscovo receberam hoje ordem de expulsão da Rússia, na sequência do que tem acontecido com outros países europeus durante esta semana, medida que o Governo português já repudiou, divulgou a diplomacia portuguesa.
A expulsão, que terá de acontecer no prazo de 14 dias, foi anunciada hoje de manhã à embaixadora de Portugal em Moscovo, Madalena Fischer, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros português, em comunicado.
"O Governo português repudia a decisão das autoridades russas, que não tem qualquer justificação que não seja a simples retaliação" pela medida semelhante imposta por Portugal à Rússia na sequência da invasão da Ucrânia, afirma o ministério, na mesma nota.
No entanto, adianta o ministério tutelado por João Gomes Cravinho, "ao contrário dos funcionários russos expulsos de Portugal, estes funcionários nacionais levavam a cabo atividades estritamente diplomáticas, em absoluta conformidade com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas".
Na quarta-feira, a Rússia anunciou a expulsão de 27 diplomatas espanhóis, 24 italianos e 34 franceses, em retaliação por medidas semelhantes adotadas por aqueles países a seguir à invasão da Ucrânia.
O anúncio da expulsão dos diplomatas espanhóis, italianos e franceses foi feito pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, um dia depois de ter decidido expulsar dois diplomatas finlandeses.
O número de diplomatas espanhóis, italianos e finlandeses considerado agora 'personas non gratas' é idêntico ao dos diplomatas russos que os Governos destes países europeus decidiram expulsar dos respetivos territórios em abril.
No caso de França, a expulsão de 34 diplomatas pretende responder a uma medida idêntica de Paris que visou 41 diplomatas russos destacados em território francês.
O primeiro-ministro italiano, Mário Draghi, reagiu à decisão anunciada por Moscovo, considerando-a um "ato hostil", mas apelando para que não sejam cortados todos os canais diplomáticos com a Rússia, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, admitiu que já esperava essa decisão em relação a Espanha.
Também o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês criticou a ordem de expulsão dos seus diplomatas, referindo que "o trabalho dos diplomatas e funcionários da embaixada [francesa] na Rússia enquadra-se plenamente no âmbito da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas e Consulares" e deixando implícito que o mesmo não acontece com os russos.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra na Ucrânia, que hoje entrou no 85.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas das suas casas -- cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,1 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também as Nações Unidas disseram que cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.