Aumenta probabilidade de violência extremista nos EUA a propósito do aborto
A fuga de informação sobre um rascunho de decisão do Supremo Tribunal dos EUA a anular o direito constitucional ao aborto aumentou a probabilidade de violência extremista, segundo um documento interno do governo de Joe Biden.
A violência pode vir de qualquer dos lados opostos na questão ou de outros tipos de extremistas, que procurem explorar tensões, especificou-se em documento do Serviço de Informações e Análise do Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em Inglês) dirigido a agências governamentais locais.
Este é mais um elemento que se soma a um ambiente volátil nos EUA, onde as autoridades têm avisado repetidamente nos passados dois anos para a ameaça constituída pelos extremistas domésticas, como o atirador que fez o ataque racista no fim de semana em Buffalo, que ultrapassou o perigo proveniente do estrangeiro.
O documento, datado de 14 de maio, obtido na quarta-feira pela Associated Press, pretende distinguir a atividade ilegal dos intensos, mas legais, movimentos de protesto que já se antecipam para quando o Supremo Tribunal divulgar a sua decisão, durante o verão, seja ela qual for.
"O DHS está comprometido com a proteção da liberdade de expressão e outros direitos civis e liberdades civis dos (norte-)americanos, incluindo o direito a manifestações pacíficas", respondeu a agência, de forma escrita, às questões que lhe foram colocadas.
Estes protestos podem tornar-se violentos. O documento previne que pessoas "de um espetro amplo de várias (...) ideologias estão a tentar justificar e inspirar ataques contra alvos relacionados com o aborto e adversários ideológicos em protestos legais".
A violência associada com o debate sobre o aborto não seria inédita nem necessariamente confinada a um dos lados, avançou-se no texto.
Os opositores do aborto já mataram 10 pessoas e fizeram dezenas de incêndios e ataques bombistas contra instalações médicas na sua campanha, de há muito, para anular a decisão conhecida como Roe v. Wade.
O DHS adiantou que também há um potencial de violência do outro lado, citando um recente ataque a edifícios usados pelos opositores ao aborto, nos Estados do Wisconsin e Oregon.
A fuga de informação, ocorrida este mês, provocou a deteção pelas autoridades de um "aumento significativo" de ameaças, através das redes sociais, aos juízes do Supremo Tribunal, a congressistas e outros agentes públicos, bem como a religiosos e trabalhadores da saúde, ainda segundo o documento.
Pelo menos, 25 destas ameaças foram reencaminhadas para as agências policiais para investigação.