Costa assina em Bucareste aprofundamento do acordo militar com a Roménia
O primeiro-ministro assina na quinta-feira, em Bucareste, a renovação e aprofundamento de um acordo de cooperação militar com a Roménia, país que tem já um histórico de 27 anos de relações com Portugal na área da Defesa.
De acordo com fonte diplomática, o acordo de cooperação militar, que substitui um primeiro de 1995, será assinado após o encontro a sós de António Costa com o seu homólogo romeno, general Nicolae Ciucã, e uma reunião plenária entre os dois governos.
Na sequência do primeiro acordo de defesa entre Portugal e a Roménia, de 1995, a cooperação militar entre os dois países caracterizou-se inicialmente por missões de policiamento pela Força Aérea Portuguesa no espaço romeno.
Entre outros processos bilaterais desde essa altura, em 2013 Portugal vendeu à Roménia 12 aviões F16 e em 2018 a força aérea romena adquiriu ainda mais cinco.
No plano político, além dos temas da União Europeia, as conversações do primeiro-ministro português com o Presidente e primeiro-ministro romeno estarão centradas na questão da defesa e segurança da Europa de Leste na sequência da intervenção militar russa na Ucrânia.
Acompanhado pela ministra da Defesa, Helena Carreiras, e pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Francisco André, o líder do executivo português chegou ao fim da tarde a Bucareste e tem ainda esta noite um jantar de trabalho com o primeiro-ministro romeno.
O ponto alto da presença de António Costa na Roménia acontecerá na quinta-feira ao início da tarde, quando visitar com o Presidente da República, Klaus Iohannis, e o primeiro-ministro romeno, Nicolae Ciucã, o contingente militar português na base da Caracal, que partiu de Lisboa em abril e que é composto por 222 militares.
Segundo o chefe do Estado-Maior do Exército, o general Nunes da Fonseca, este contingente, que se encontra em missão de dissuasão e de defesa no âmbito da NATO, tem "os melhores e mais modernos meios de que as Forças Armadas dispõem".
O grupo é composto por atiradores de uma companhia de infantaria mecanizada e membros da equipa de operações especiais, que se juntarão a forças correspondentes do lado romeno.
O contingente foi ainda reforçado com um módulo de defesa antiaérea, estando equipado com mísseis Stinger. Dispõe de um módulo de conjunto de informações e outro de apoio, embora a preparação tenha sido feita em tempo reduzido, em virtude das circunstâncias da guerra na Ucrânia.
Na cimeira da NATO de Varsóvia, em 2016, os Estados-membros decidiram reforçar a sua linha de dissuasão e de defesa coletiva, estabelecendo uma presença reforçada no setor oriental das fronteiras da aliança.
O objetivo, de acordo com fonte diplomática nacional, foi já nessa altura o de "marcar uma presença militar de cariz defensivo, proporcional e alinhada com os compromissos internacionais, dando execução ao princípio de que um ataque a um membro aliado é um ataque a todos".
Em junho de 2017, ficou operacional o Quartel-General da Divisão Multinacional do Sudoeste, na Roménia, para a "coordenação e realização acrescida de exercícios e treinos na região".
Agora, em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, durante a cimeira extraordinária da NATO de Bruxelas, em 24 de março passado, os chefes de Estado dos países da Aliança Atlântica decidiram ativar mais quatro batalhões multinacionais para a Bulgária, Hungria, Roménia e Eslováquia.
Por outro lado, ainda antes desta cimeira, perante o agravamento das tensões no leste da Europa, em fevereiro passado, os aliados também decidiram aumentar os seus meios navais, aéreos e terrestres, através da colocação de milhares de militares adicionais, assim como de aeronaves de apoio às missões de policiamento aéreo.
A companhia de infantaria mecanizada, que será visitada pelo primeiro-ministro, António Costa, foi projetada no passado dia 15 de abril. Na base de Caracal, tem vindo a realizar treino de combate e de integração com as forças do batalhão romeno.
Além das tropas nacionais na base de Caracal, no âmbito das relações bilaterais com a Roménia Portugal contribui ainda com uma unidade de operações especiais, que se encontra na base militar de Târgu Mures. Uma unidade que tem prevista uma rotação entre os ramos da Marinha e do Exército e que é constituída por 20 militares, por um período de quatro meses e até um ano.