Ucrânia vai receber combustível da Polónia e apela à Europa para ajudar
A ministra do Desenvolvimento Económico da Ucrânia, Yulia Swyrydenko, anunciou hoje que a Polónia vai fornecer ao seu país 25.000 toneladas de combustível, referindo que o Governo está a lutar para equilibrar o mercado e retomar as exportações.
"A ajuda da Polónia vai contribuir para estabilizar significativamente a situação no mercado de combustíveis", disse a ministra, citada pela agência de notícias polaca PAP, depois de se ter reunido, em Kiev, com a sua homóloga do país vizinho, Anna Moskva.
Swyrydenko acrescentou que, antes do início da invasão, em 24 de fevereiro, a refinaria de Kremenchuk (centro do país) abastecia grande parte da procura interna de combustível, mas a infraestrutura foi destruída num ataque do exército russo.
Por isso, o Governo está a tentar organizar-se para aliviar a escassez de combustível, disse, admitindo, no entanto, que enfrenta muitas dificuldades, já que muitos dos caminhos ferroviários e rodoviários estão danificados e os portos ucranianos estão bloqueados.
No início deste mês, as forças russas também atacaram a segunda maior refinaria da Ucrânia, localizada na região de Lugansk.
A falta de combustível está a provocar filas para abastecer os carros, já porque a maioria dos postos de gasolina do país tem o combustível racionado a 10 litros por cliente.
Em entrevista à agência de notícias espanhola Efe, o ministro das Infraestruturas da Ucrânia, Olexandr Kubrakov, admitiu esperar apoio dos países europeus relativamente ao abastecimento de gasóleo e gasolina ao seu país e garantiu que o Governo está a reconstruir as infraestruturas danificadas para facilitar a distribuição e retomar as exportações agora bloqueadas.
Kubrakov reconheceu que todo o mercado europeu está a atravessar uma situação difícil, já que há a procura por combustíveis é alta e alguns países estão a tentar fazer algumas reservas para enfrentar o potencial embargo russo, mas sublinhou que um país em guerra tem necessidades e adiantou estar em conversações com os governos da Roménia e da Polónia para que permitam a entrada de navios carregados de combustível na Ucrânia.
A Ucrânia precisa operar nesses portos porque os seus portos no Mar Negro estão todos bloqueados.
"A situação é muito difícil porque quase 80% das nossas exportações eram feitas através do Mar Negro", lamentou o ministro.
Além disso, acrescentou Kubrakov, o Governo está também a tentar reorientar os canais logísticos para oeste (em direção à fronteira com a Polónia) por via rodoviária e de comboio.
"Estamos a considerar todas as opções que possam ajudar", alegou o ministro, adiantando ser "difícil fazer tudo em poucas semanas".
De acordo com o ministro, esta é, no entanto, a prioridade do Governo, à frente da recuperação e desenvolvimento dos aeroportos.
"Foram todos danificados, alguns estão totalmente destruídos", explicou Kubrakov, que reconhece que se está a decidir qual o aeroporto que terá de passar a funcionar caso o espaço aéreo seja reaberto.
"Mas não é nossa prioridade, a nossa prioridade é exportar", sublinhou.