Oposição venezuelana negoceia retoma do diálogo com o Governo
A oposição venezuelana anunciou hoje que iniciou conversações formais para retomar o diálogo com o Governo do Presidente, Nicolás Maduro, horas depois de os EUA anunciarem estar a preparar o alívio de algumas sanções económicas à Venezuela.
"A delegação da Plataforma Unitária para as negociações entre venezuelanos, em conformidade com o Memorando de Entendimento assinado na Cidade do México a 13 de agosto de 2021, informa os venezuelanos e a comunidade internacional que iniciou conversações formais com a nossa contraparte, a fim de conseguir a sua rápida reativação", explica-se em comunicado.
O documento foi divulgado pela equipa do líder opositor, Juan Guaidó, pouco depois de uma reunião entre o chefe da delegação da oposição Gerardo Blyde, e o mais alto representante da delegação governamental.
Segundo a oposição, "estas conversações incluirão reuniões e discussões com o objetivo de precisar e acordar os elementos necessários para o reinício antecipado deste processo de negociação, que não deveria ter sido suspenso".
"Reiteramos a nossa total vontade de construir de maneira urgente um grande acordo político que permita alcançar a recuperação da Venezuela através da reinstitucionalização democrática do país, a realização de eleições livres, justas e transparentes e a restituição dos direitos fundamentais para todos os venezuelanos", explica-se no documento.
A oposição diz ainda que manterá o compromisso de informar e comunicar aos venezuelanos, com oportunidade e transparência, sobre qualquer avanço que se dê nesse sentido.
O Governo dos EUA está a preparar o alívio de algumas sanções económicas à Venezuela, medida vista como uma tentativa de incentivar a retoma das negociações entre a oposição apoiada pelos norte-americanos e o Governo de Maduro.
As mudanças, que serão limitadas, permitem à Chevron negociar a sua licença com a petrolífera estatal PDVSA, mas não autorizam a prospeção ou exportação de qualquer petróleo de origem venezuelana, revelaram terça-feira dois altos funcionários da administração norte-americana à agência de notícias Associated Press (AP).
As mesmas fontes acrescentaram que Carlos Erik Malpica-Flores, antigo gestor da PDVSA e sobrinho da primeira-dama da Venezuela, será removido da lista de indivíduos alvo de sanções.
Estas medidas surgem no seguimento de uma demonstração de abertura por parte de Maduro, após uma reunião, em março, com representantes do Governo do Presidente norte-americano, Joe Biden.
Por outro lado, acontecem na sequência de uma recente reunião entre autoridades dos EUA e a principal coligação de oposição, Plataforma Unitária (PU), para discussão sobre o caminho a seguir.
Dezenas de venezuelanos, incluindo o procurador-geral do país e o responsável pelos serviços prisionais, e mais de 140 entidades, entre estas o Banco Central da Venezuela, vão continuar na lista de sanções.
O Departamento de Tesouro norte-americano continuará a proibir transações com o Governo venezuelano e a PDVSA nos mercados financeiros dos EUA.
O próprio Presidente venezuelano está sob acusação nos Estados Unidos, acusado de conspirar para "inundar o país com cocaína" e usar o tráfico de drogas como "arma contra a América".
O Governo da Venezuela suspendeu as negociações com a oposição em outubro de 2021, após a extradição para os EUA de um importante aliado de Maduro por acusações de branqueamento de capitais.
O chefe de Estado venezuelano condicionou o regresso à mesa de negociações à libertação do empresário Alex Saab, que foi extraditado de Cabo Verde.
Os EUA e outros países deixaram de reconhecer Maduro como Presidente depois de o acusarem de fraude eleitoral na sua reeleição, em 2018.
Ao mesmo tempo, reconheceram Juan Guaidó, que era na altura o líder do Congresso dominado pela oposição e que se mantém como líder da Plataforma Unitária.