Rússia está a aumentar ataques aéreos para compensar falhas no terreno
As forças russas estão a realizar mais ataques aéreos contra a região de Lugansk, no leste, e a atingir com mísseis a região ocidental de Lviv, para compensar as falhas do Exército, adiantou ontem o Presidente ucraniano.
Volodymyr Zelensky explicou, na sua mensagem de vídeo noturna, que as regiões fronteiriças da Ucrânia foram alvo de "atividade de sabotagem" russa, sublinhando ainda que as regiões de Sumy e Chernihiv, no nordeste, também foram alvo de ataques com mísseis.
"Tudo isto não está apenas a criar tensão para o nosso lado, não é apenas um teste à nossa força. Esta é uma espécie de tentativa de compensar o Exército russo por uma série de falhas no leste e no sul do nosso país", salientou o chefe de Estado ucraniano.
O governante apontou que as forças russas são incapazes de demonstrar qualquer sucesso nas áreas onde estão a tentar atacar.
Portanto, "eles estão a tentar mostrar sucesso através dos seus mísseis e outras atividades, mas também sem nenhum efeito", acrescentou.
"Estes ataques, como muitos anteriores, não mudam nada fundamentalmente. Além disso, as nossas capacidades de defesa aérea e de antisabotagem estão a ficar mais fortes", referiu ainda Zelensky.
O governo regional de Zaporizhia disse na terça-feira, através da rede social Telegram, que guerrilheiros ucranianos terão matado vários oficiais russos de alta patente na cidade de Melitopol, no sul.
As forças russas ocuparam esta cidade desde o início da guerra.
De acordo com o governo regional, os invasores estão a tentar esconder a situação, mas as forças russas estavam a verificar mais ativamente os carros particulares esta terça-feira, à procura de guerrilheiros ucranianos.
No entanto, não foi adiantado mais nenhum detalhe sobre estas mortes e estas informações não puderam ser confirmadas de forma independente, noticiou a agência Associated Press (AP).
Ao longo da guerra, os ucranianos alegaram ter matado muitos generais russos e outros oficiais, sendo que algumas destas mortes foram confirmadas por Moscovo.
A guerra na Ucrânia, que hoje entrou no 83.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas - cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,2 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa - justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou ontem que 3.752 civis morreram e 4.062 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.