A Guerra Mundo

Alternativas ao petróleo russo custam à UE cerca de 2 mil milhões de euros após embargo

None

A União Europeia (UE) terá de investir entre 1,5 e dois mil milhões de euros para garantir a segurança do aprovisionamento de petróleo após um embargo à Rússia, estima a Comissão Europeia, defendendo rotas de abastecimento alternativas.

"A dependência dos combustíveis fósseis russos estende-se também ao petróleo bruto e aos produtos petrolíferos. Enquanto na maioria dos casos o mercado mundial permite uma substituição rápida e eficaz, alguns Estados-membros dependem mais do petróleo russo", admite o executivo comunitário no rascunho da comunicação sobre o pacote energético REpowerEU, que deverá ser divulgado na quarta-feira e ao qual a agência Lusa teve hoje acesso.

Dias depois de ter proposto um embargo a todo o tipo de petróleo russo, na sequência da invasão militar da Ucrânia, Bruxelas aponta que "o investimento total necessário para garantir a segurança do aprovisionamento de petróleo deverá ascender a entre 1,5 e dois mil milhões de euros".

O executivo comunitário admite que "a paragem do abastecimento a partir do oleoduto de Druzhba, que entrega petróleo bruto à Europa diretamente da Rússia central, aumentará a pressão em rotas de abastecimento alternativas", nomeadamente nos portos de Gdansk, Rostock, Trieste ou Omisalj e nas infraestruturas alternativas de oleodutos, que "atualmente não preparadas para lidar com essa pressão adicional".

O Druzhba é o maior oleoduto do mundo, que sai da Rússia e chega à Bielorrússia, onde se bifurca em dois ramais, por um lado para a Polónia e a Alemanha e por outro para a Ucrânia, Hungria, Eslováquia e República Checa, num total de 8.900 quilómetros.

"Neste contexto, são necessários investimentos direcionados para garantir a segurança do petróleo. Os projetos de desenvolvimento e expansão da capacidade das infraestruturas existentes e de resolução de estrangulamentos existentes [...] são fundamentais para assegurar alternativas viáveis aos Estados-membros mais afetados", salienta a Comissão Europeia.

Para Bruxelas, "o estabelecimento de rotas de abastecimento alternativas deve também ser acompanhado de investimentos direcionados para a reconfiguração e modernização das refinarias de produtos petrolíferos, uma vez que a substituição do petróleo bruto dos Urais [da Rússia] por tipos alternativos de petróleo implica mudanças tecnológicas".

Em causa está REPowerEU, o plano para aumentar a resiliência do sistema energético europeu e tornar a Europa independente dos combustíveis fósseis russos antes de 2030, no seguimento da guerra da Ucrânia e dos problemas no abastecimento.

No mais recente pacote de sanções contra a Rússia devido à invasão da Ucrânia, proposto por Bruxelas no início de maio e que ainda necessita de aval por parte dos 27 Estados-membros, está prevista uma eliminação total e gradual da importação de todo o petróleo russo para assim reduzir a dependência energética europeia face à Rússia, estipulando também uma derrogação de um ano suplementar para Hungria e Eslováquia.

Países totalmente dependentes do petróleo russo, como a Hungria, vieram contestar este embargo progressivo da UE ao petróleo russo nos termos propostos pela Comissão Europeia, alegando que põe em causa a segurança energética do país.

A guerra na Ucrânia expôs a excessiva dependência energética da UE face à Rússia, que é responsável por cerca de 45% das importações de gás europeias. A Rússia também fornece 25% do petróleo e 45% do carvão importado pela UE.

Em média, na UE, os combustíveis fósseis (como gás e petróleo) têm um peso de 35%, contra 39% das energias renováveis, mas isso não acontece em todos os Estados-membros, dadas as diferenças entre o cabaz energético de cada um dos 27 Estados-membros, com alguns mais dependentes do que outros.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro passado uma ofensiva militar na Ucrânia.