Tribunal Penal Internacional envia a maior missão em peritos para a Ucrânia
O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou hoje o envio para a Ucrânia de uma equipa de 42 especialistas, a maior missão de sempre em termos de efetivos, para investigar os crimes cometidos durante a invasão russa.
"Confirmo que hoje o meu escritório enviou uma equipa de 42 investigadores, cientistas forenses e outros funcionários de apoio para a Ucrânia", disse Karim Khan num comunicado, acrescentando que é "a mais importante missão em termos de efetivos já enviada para o terreno de uma só vez".
O procurador do TPI, criado em 2002 para julgar os piores crimes cometidos no mundo, abriu uma investigação em 03 de março sobre alegações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Ucrânia, após receber luz verde de quase 40 Estados.
Khan deslocou-se à Ucrânia em abril, incluindo o subúrbio de Bucha, em Kiev, onde pelo menos 20 corpos foram descobertos em 02 de abril.
"Graças ao envio de uma equipa de investigadores, poderemos seguir pistas e recolher testemunhos relacionados a ataques militares que podem constituir crimes abrangidos pelo Estatuto de Roma", que é o tratado fundador do TPI, referiu o procurador.
Khan também agradeceu ao Governo dos Países Baixos pela sua cooperação, com o envio de um "número significativo de especialistas nacionais" em apoio à missão do TPI, que está sediado em Haia, Países Baixos.
"As nossas atividades investigativas e forenses no terreno vão tornar-se mais eficientes através dessa colaboração", acrescentou.
A guerra na Ucrânia, que hoje entrou no 83.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas das suas casas -- cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,1 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também as Nações Unidas disseram que cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.