Argentina entra oficialmente na quarta vaga
A ministra da Saúde da Argentina, Carla Vizzotti, anunciou que o país entrou oficialmente na quarta vaga de coronavírus, depois de o número de casos aumentar 92,6% na semana passada em relação à anterior e 305% no último mês.
"Hoje estamos a começar na Argentina a quarta vaga de covid-19 que nos chega numa situação totalmente diferente das anteriores", indicou Carla Vizzotti durante um encontro com os ministros da Saúde das 24 províncias argentinas na cidade patagónica de Villa La Angostura para reunião do Conselho Federal de Saúde.
Por "situação totalmente diferente", a ministra indicou "o nível de vacinados e a capacidade de resposta do sistema de Saúde".
O anúncio de uma nova vaga da pandemia é consequência do último relatório, divulgado neste domingo (15) que apontou a quase duplicação dos contágios em apenas uma semana. Nos sete dias prévios, houve 33.989 casos, 92,6% a mais do que os 17.646 de uma semana antes. Nas últimas quatro semanas, os contágios aumentaram 305,2%, passando de 8.387 aos atuais 33.989 casos.
Devido à queda de casos durante o verão austral, a Argentina deixou de divulgar relatórios diários, adotando a modalidade semanal a partir de 17 de abril. No entanto, desde então, a curva de contágios aumentou à medida que a temperatura caiu e que o inverno se aproxima.
Apesar do aumento de contágios, o índice de ocupação de leitos em Cuidados Intensivos mantém-se estável em 41,2% e o número de falecidos até diminuiu na última semana de 76 a 47, uma queda de 40%.
Esses números levaram a ministra Carla Vizzoti a descartar a possibilidade de novos confinamentos como os praticados em 2020, quando a Argentina teve, durante 233 dias, a quarentena mais prolongada e estrita do mundo.
"Não há possibilidade de novos confinamentos", garantiu Vizzotti.
Para os especialistas, o avanço da nova vaga deve-se à variante Ómicron, altamente contagiosa, ao relaxamento nos cuidados, além da diminuição da imunidade adquirida, seja através dos contágios ou das vacinas.
A campanha de vacinação, embora tenha atingido 90% da população com uma dose e 82% com o esquema completo, está há meses estagnada, sobretudo na dose de reforço com 49%.
"Os casos vão aumentar. Por isso, precisamos de avançar com a vacinação para que não se traduzam em hospitalizações nem mortes", admitiu a ministra Vizzotti.
"É uma nova vaga, mas uma vaga de casos leves", sublinhou o ministro da Saúde do Distrito Federal, Fernán Quirós.
"Não será como nas vagas anteriores em que os casos subiam, depois aumentavam as internações e dias depois os pacientes faleciam. Desta vez, será uma enorme maioria de casos leves, graças à vacinação e à imunidade adquirida", observou o ministro da capital argentina.
O atual protocolo do Ministério da Saúde estabelece que os testes sejam feitos apenas em idosos e em grupos de risco. Por isso, o aumento de 92,6% dos casos durante a última semana, apesar de elevado, é considerado um número abaixo da realidade. Na capital argentina, onde rege outro protocolo, aberto a todos os segmentos, o aumento de casos foi de 128%.
Os números oficiais indicam que, desde o começo da pandemia, a Argentina teve 9,135 milhões de contágios dos quais faleceram 128.776 num total de 47 milhões de habitantes.
Em 87% dos novos casos, a variante Ómicron, através da sublinhagem BA.2, é a dominante.