Aumento de casos deve-se a variantes e menor adesão às medidas, admite relatório
O crescimento das infeções pelo SARS-CoV-2 em Portugal deve-se à menor adesão das pessoas às medidas de proteção e a um "considerável aumento" da circulação de variantes do coronavírus, admite o relatório sobre a pandemia hoje divulgado.
"Para este aumento da incidência poderão ter contribuído fatores que incluem a redução da adesão a medidas não farmacológicas, o período de festividades e o considerável aumento de circulação de variantes com maior potencial de transmissão", refere o documento da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
Na segunda-feira, a incidência a sete dias estava nos 970 casos por 100 mil habitantes e com tendência crescente, enquanto o índice de transmissibilidade (Rt) subiu dos 1,03 para 1,13 a nível nacional.
"O impacto nos internamentos e na mortalidade geral é reduzido, embora o aumento da incidência possa vir a condicionar um aumento da procura de cuidados de saúde e da mortalidade, em especial nos grupos mais vulneráveis", alerta o relatório, que aconselha a ser a mantida a vigilância da situação epidemiológica, ao reforço das medidas de proteção individual nos grupos de maior risco e a vacinação de reforço.
Relativamente à pressão sobre os serviços de saúde, os dados da DGS e do INSA indicam que o número de doentes nas unidades de cuidados intensivos (UCI) dos hospitais de Portugal continental corresponde a 23,1% do limiar definido como crítico de 255 camas ocupadas, sem grandes alterações face aos 23,5% da semana anterior.
As UCI do Centro são a que apresentam maior ocupação, atingindo os 50% do nível de alerta.
Quanto à mortalidade específica por covid-19, na segunda-feira estava nos 26,1 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, o que revela uma "tendência estável", mas ainda superior ao limiar de 20 mortes definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC).
O relatório avança também que a percentagem de testes positivos para SARS-CoV-2, entre 03 e 09 de maio, foi de 41,6%, bastante acima do limiar dos 4% e com tendência crescente, tendo-se registado uma diminuição no número de despistes realizados, que passaram de cerca de 316 mil para 265 mil na última semana.
O INSA e a DGS adiantam que a linhagem BA.2 da variante Ómicron apresenta uma prevalência de 62,9%, mantendo o decréscimo observado nas últimas semanas devido ao "relevante aumento de circulação da linhagem BA.5", que apresenta mutações adicionais com impacto na entrada do vírus nas células e na sua capacidade de evadir a resposta imunitária.
"A frequência relativa estimada da linhagem BA.5 da variante Ómicron é de 37,1% ao dia 8 de maio, projetando-se que se torne dominante na segunda metade do mês de maio", estima o documento.
No que se refere às vacinas contra a covid-19, o relatório reitera que as pessoas com o esquema vacinal completo tiveram um risco de internamento até cerca de duas vezes menor do que as pessoas com mais de 70 anos com vacinação incompleta, entre o total infetados em março.
"Em abril de 2022, na população com 80 e mais anos, a dose de reforço reduziu o risco de morte por covid-19 em mais de três vezes em relação a quem tem o esquema vacinal primário completo", adiantam a DGS e o INSA.