Comandante-geral da polícia de Moçambique diz que "guerra contra o terrorismo está quase a chegar ao fim"
O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, disse que a "guerra contra o terrorismo está quase a chegar ao fim", alertando para operações militares finais mais duras, em Cabo Delgado, norte do país.
Bernardino Rafael fez um ponto de situação sobre o combate contra grupos armados que aterrorizam distritos da província de Cabo Delgado, quando falava com um contingente militar do Ruanda, no Posto Administrativo de Chai, distrito de Macomia.
"Não estamos a dizer que chegámos ao fim, mas está quase", declarou Rafael.
O chefe máximo da polícia moçambicana avançou que já foram executadas 70% das operações militares planificadas contra os grupos armados que atuam na província de Cabo Delgado, faltando concretizar 30%.
"A guerra é mais dura, difícil, quando chega ao fim, quando está quase a chegar ao fim", enfatizou o comandante-geral da polícia.
Para ilustrar o sucesso da luta contra a insurgência, Bernardino Rafael adiantou que 54 "terroristas" foram abatidos nos últimos dois meses, em confrontos com as forças governamentais de Moçambique, Ruanda e Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Dessas ações resultou ainda a captura de quatro insurgentes, tendo 120 populares fugido durante os combates e 75 escapado de acampamentos dos grupos armados.
Os resultados no terreno de operações demonstram que as forças governamentais estão a "bater duro no inimigo", prosseguiu Bernardino Rafael.
"Continuaremos a combater, sem trégua, os terroristas, até ao último reduto", disse, exortando os rebeldes a voltarem para casa, porque estão "encostados" pelas forças governamentais.
Numa visita a uma posição das Forças de Defesa e Segurança moçambicanas, na Aldeia Nova Zambézia, em Macomia, o comandante-geral da PRM apelou a uma convivência harmoniosa entre os militares e a população, alertando para o risco de abusos dos direitos humanos.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais, com o apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes.