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MNE prevê "apoio esmagador" no Parlamento a adesão da Suécia e Finlândia à NATO

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EPA/MAURI RATILAINEN

O ministro dos Negócios Estrangeiros João Gomes Cravinho disse hoje em Helsínquia que a Rússia "estilhaçou" a ordem europeia e previu um "apoio esmagador" no Parlamento português a favor da adesão da Suécia e Finlândia à NATO.

"A Rússia estilhaçou a ordem de segurança europeia e a configuração de uma nova ordem de segurança europeia passa naturalmente pela adesão da Finlândia e da Suécia à NATO", afirmou em declarações à RTP e CNN/TVI após a conferência de imprensa conjunta que manteve com o seu homólogo finlandês Pekka Haavisto, numa resposta às "decisões simétricas" de retaliação que Moscovo prometeu aplicar aos dois países nórdicos.

"Portanto, não vale a pena estar a exacerbar esse tipo de comentário por parte da Rússia, o certo é que são as ações da Rússia que criaram a adesão e o alargamento da NATO", adiantou Cravinho.

Numa referência ao processo de adesão, Gomes Cravinho recordou que todos os países da NATO possuem o seu próprio mecanismo de ratificação e que a entrada de um novo membro requer unanimidade, uma situação que se pode prologar por "alguns meses".

No entanto, recordou que na ordem constitucional portuguesa o Parlamento é soberano, mesmo que não seja "desejável" a unanimidade.

"Contudo acredito que há um apoio esmagador, da ordem entre os 80 e os 90 por cento a favor da adesão, e se assim for não haverá nenhum tipo de dificuldade na ratificação em Portugal", afirmou.

Após considerar que a NATO é uma "aliança defensiva", e reafirmar que a adesão da Finlândia e Suécia era "uma questão que não se colocava há alguns meses atrás e resulta da agressão da Rússia contra a Ucrânia", o chefe da diplomacia portuguesa recordou que sábado e domingo vai estar presente na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO em Berlim, admitindo que será discutido o apoio a fornecer à Finlândia e Suécia no período entre o pedido de adesão e a ratificação pelos 30 parlamentos dos Estados aliados.

"Coletivamente, encontraremos as respostas. O Reino Unido tem dado o seu ponto de vista sobre isso, vamos ouvir os outros 29 e chegar a uma conclusão coletiva. A conclusão, aliás, pode ser que alguns países individualmente podem estender uma garantia de segurança durante este período interino. Será difícil todos fazerem-no exatamente porque para isso é preciso um processo de ratificação", adiantou.

Ainda numa referência às declarações hoje proferidas pelo Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan -- que acusou Estocolmo e Helsínquia de "servirem de refúgio aos terroristas do PKK" - o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, considerado uma "organização terrorista" pela Turquia, mas também pela União Europeia e Estados Unidos -- e ameaçando com o bloqueio do conjunto do processo que requer a unicidade dos membros da Aliança Atlântica, Gomes Cravinho optou por defini-las como um "ponto de partida"para o diálogo.

"Creio que com isto a Turquia alerta para aquilo que entende serem as dificuldades e a partir daí com as autoridades, suecas, finlandesas, e com a própria NATO, haverá um processo de diálogo. Nada está decidido, mas há uma forte convergência de opinião em torno da desejabilidade da entrada da Finlândia e da Suécia na NATO e creio que muito rapidamente encontrar-se-ão as soluções necessárias para todos estarem satisfeitos", adiantou o ministro.