PS mantém expectativa de redução da inflação no segundo semestre
O PS mantém a expectativa de uma redução da inflação em termos homólogos no segundo semestre deste ano, não exclui novas medidas para controlo de preços, mas recusa respostas apenas baseadas no aumento nominal de salários.
Estas posições foram assumidas pelo líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, em conferência de imprensa que se destinou à apresentação das propostas socialistas de alteração à proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2022.
"Não sabemos se, num futuro próximo, para controlar a inflação, novas medidas do lado da oferta são necessárias. Entendemos que as medidas apresentadas antes e neste Orçamento são suficientes para mitigar o efeito do fenómeno inflacionista e suficientes até ao momento em que acreditamos que, do ponto de vista homólogo, já se sentirá um decréscimo da inflação", declarou o líder da bancada socialista.
Eurico Brilhante Dias disse em seguida que está por apurar como no segundo semestre deste ano evoluirá a inflação, embora, em termos de expectativa, "se atenue pelo menos do ponto de vista homólogo".
"Podem ser ponderadas novas medidas, mas acreditamos que estas medidas respondem. Em termos de expectativa, de acordo com instituições internacionais, a inflação é um fenómeno temporário que no segundo semestre já poderá observar uma diminuição do ponto de vista homólogo", insistiu.
Perante os jornalistas, o presidente do Grupo Parlamentar do PS defendeu que a primeira prioridade "deve ser a do controlo dos preços, sabendo-se que a curto e médio prazo esse controlo é a forma mais eficaz de achatar o crescimento da inflação".
"A via é pelo controlo da inflação garantindo que os salários e as pensões não perdem poder de compra e orientando um conjunto de medidas ao rendimento. Estas são medidas nem sempre necessariamente apostando no aumento nominal dos salários, mas orientadas ao poder aquisitivo dos salários", sustentou.
Em defesa da sua tese, Eurico Brilhante Dias alegou que, quando se desagrava o IRS, aumenta-se em consequência o rendimento disponível da generalidade dos cidadãos, embora não se aumente o salário bruto desse cidadão.
"Quando há a preocupação de proceder a um controlo de um conjunto de preços, estamos a proteger os rendimentos. O PS apresenta aqui, por exemplo, uma medida de congelamento das propinas, o que significa que, para um conjunto de famílias, as propinas representarão inflação zero nessa parcela de despesa. O mesmo acontece quando se altera a política de passes nos transportes públicos e se reduz uma parcela importante das despesas das famílias que usam esses transportes", completou.
Para o líder da bancada socialista, é mesmo um "equívoco" a ideia de que aumentando nominalmente os salários, num momento em que há tensão inflacionista, se melhora o rendimento disponível.
"Essa aproximação pode até ser o detonante de uma espiral inflacionista que não queremos que aconteça. Por isso, todos os recursos que temos usado são para controlar preços e para atender àqueles que os bens de energia têm maior peso no respetivo capaz de compras", acrescentou.
Depois, deixou um aviso: "Se não se for eficaz no controlo da inflação, outros elementos serão fortemente penalizadores para as famílias".
"A inflação está fortemente ligada às taxas de juro praticadas nos mercados, em particular as que dizem respeito ao crédito hipotecário. Portanto, o controlo da inflação é muito importante para ter taxas de juro mais baixas, taxas que tem um forte impacto no rendimento das famílias", reforçou.