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Ameaça ao direito ao aborto nos EUA pelo Supremo Tribunal motiva protestos sábado

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Algumas das maiores organizações norte-americanas pró-aborto sairão às ruas no sábado em todo o país, em protesto contra a possível revogação do direito constitucional à interrupção voluntária da gravidez (IVG) no país.

As manifestações agendadas para todo o país foram convocadas após uma fuga de informação sobre uma iniciativa do Supremo Tribunal norte-americano para revogar o direito constitucional ao aborto, que teria impacto em todos os 50 estados norte-americanos.

Se anulada a decisão 'Roe v. Wade', que protege como constitucional o direito das mulheres ao aborto, os Estados Unidos voltarão à situação que existia antes de 1973, quando cada estado era livre de proibir ou autorizar a realização de abortos.

Em Nova Iorque, uma coligação formada por organizações denominadas "pró-escolha" e de saúde reprodutiva agendou uma marcha que visa expressar a indignação coletiva com a possibilidade de o Supremo Tribunal norte-americano revogar o direito constitucional ao aborto, estabelecido em 1973, num caso que ficou conhecido como 'Roe v. Wade'.

A marcha, que foi organizada por algumas das maiores organizações pró-aborto dos Estados Unidos, como a Planned Parenthood, National Institute for Reproductive Health, Abortion Access Front, National Institute for Reproductive Health, entre outras, terá início pelas 12:00 (hora local, 17:00 em Lisboa) na Cadman Plaza, em Brooklyn, e terminará na Foley Square, em Manhattan.

Essas organizações emitiram uma carta aberta coletiva a apelar à mobilização, mas também para lembrar aos nova-iorquinos sobre a importância de proteger os direitos reprodutivos.

"Acreditamos que, através de ações e mobilizações em massa, os juízes do Supremo Tribunal ouvirão a nossa indignação por estarem a insultar a maioria das pessoas neste país que acredita que o aborto deve ser seguro, legal e acessível a todas as pessoas que precisam", diz a carta.

"Estas mobilizações enviarão uma mensagem clara e poderosa para apoiantes e oponentes de que um movimento inter-racial e interclassista robusto e dedicado está a levantar-se para defender o acesso ao aborto", acrescenta a missiva.

Apesar de Nova Iorque não ser um dos estados norte-americanos em risco de reverter o acesso ao aborto, a coligação quer mostrar aos nova-iorquinos o "privilégio" que têm e mobilizar-se em apoio aos estados que estão em risco de ter esse direito revertido já em junho, para quando está previsto o anúncio da decisão final do Supremo.

"Aborto é saúde. Nova Iorque tem a oportunidade de dar um exemplo nacional (...) e temos a oportunidade agora de começar a construir um movimento verdadeiramente interseccional em todo o espetro dos nossos problemas", acrescenta a carta aberta.

Ainda em Nova Iorque, no mesmo dia, um outro protesto, organizado pelo grupo de ativistas 'RiseUp4AbortionRights', decorrerá em Manhattan, com movimentos pró-aborto a reunirem-se na Union Square pelas 14:00 (hora local, 19:00 em Lisboa).

Esta manifestação contará com cerca de 10 oradoras, entre elas a democrata Elizabeth Holtzman, uma advogada e política norte-americana ex-membro da Câmara dos Representantes, e ainda Merle Hoffman e Lori Sokol, fundadoras do 'RiseUp4AbortionRights'.

Outros dos pontos geográficos onde as manifestações se concentrarão é em Washington DC, capital dos Estados Unidos e sede do Supremo Tribunal Federal.

Cerca de 17.000 pessoas são esperadas no sábado no National Mall, no centro de Washington, segundo indicou a estação televisiva NBC, que teve acesso a uma autorização aprovada por autoridades federais.

Espera-se que os participantes se encontrem no relvado junto ao icónico Monumento de Washington por volta das 12:00 (hora local, 17: em Lisboa) e depois marchem em direção ao Supremo Tribunal pelas 14:00.

O protesto é organizado pelas organizações Women's March, Ultraviolet, MoveOn.org e Planned Parenthood.

O resultado da decisão do Supremo Tribunal, de maioria conservadora, está previsto para junho e terá também repercussões na campanha eleitoral antes das eleições intercalares de novembro, que determinarão que partido controlará o Congresso.

Dada a grande divisão geográfica e política sobre a questão, espera-se que metade dos estados do país, especialmente no sul e no centro conservadores, proíbam rapidamente o procedimento.

Na quarta-feira, o Senado norte-americano rejeitou a Lei de Proteção à Saúde das Mulheres, que inscreveria o direito ao aborto na legislação federal, uma demonstração contundente da divisão partidária no país sobre a questão.