Scholz pede a Putin um "cessar-fogo" e rejeita argumentos sobre nazismo
O chanceler alemão, Olaf Scholz, pediu hoje ao chefe de Estado russo, Vladimir Putin, em contacto telefónico, um cessar-fogo na Ucrânia e rejeitou as acusações do Kremlin sobre o "nazismo" ucraniano.
"A afirmação de que os nazis dominam [na Ucrânia] é falsa", afirmou Scholz através da rede social Twitter, informando que manteve hoje um contacto telefónico com Vladimir Putin.
Por outro lado de acordo com uma nota oficial do governo de Berlim, o chanceler alemão recordou ao Presidente russo sobre a responsabilidade da Rússia no que diz respeito à produção e distribuição de alimentos a nível global "como consequência" da "guerra impulsionada pela Rússia".
Segundo Berlim, no contacto estabelecido pelo telefone, Scholz falou com Putin sobre a necessidade de se alcançar "o quanto antes" um cessar-fogo recordando as consequências da guerra na Ucrânia, sobretudo na cidade portuária de Mariupol.
A mensagem de Scholz no Twitter e o comunicado posterior da chancelaria ocorreram após as primeiras informações sobre o contacto que os dois estabeleceram hoje.
Fontes oficiais russas disseram que Putin e Scholz debateram "por iniciativa da Alemanha" a situação humanitária na Ucrânia, no quadro da "operação militar russa" no país.
O Presidente russo expressou, de acordo com as mesmas fontes, "a lógica e os principais objetivos da 'operação militar especial' no sentido da defesa das 'repúblicas populares' do Donbass [leste da Ucrânia]", explicando também as "medidas tomadas para garantir a segurança da população civil" na região.
O contacto foi estabelecido na mesma altura em que decorre, na Alemanha, a reunião dos Estados que fazem parte do G7, com a participação dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia e da Moldova.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.