PM britânico defende necessidade de "corrigir" situação na Irlanda do Norte
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, defendeu ontem a necessidade de o Governo "corrigir" o Protocolo da Irlanda do Norte que regula o território no pós-'Brexit' porque os unionistas "não o aceitarão".
Em declarações à BBC em Stoke-on-Trent, no centro de Inglaterra, Johnson disse que a Irlanda do Norte "é um lugar fantástico com um futuro incrível", mas que, "no momento, infelizmente as instituições (políticas) entraram em colapso (...), as instituições estabelecidas no Acordo de Sexta-feira Santa não estão a funcionar".
Se o Partido Democrata Unionista (DUP), o segundo maior partido após as eleições de 05 de maio, não nomear ministros para o Governo, o Executivo não pode formar-se porque o poder na Irlanda do Norte tem de ser partilhado entre os partidos unionista - leal à coroa britânica - e republicano - favorável à reunificação com a República da Irlanda.
O primeiro-ministro britânico considerou a falta de um Governo regional "um grande problema" e reconheceu que "está claro que a comunidade unionista não aceitará o Protocolo (...) e temos que o corrigir".
O Protocolo da Irlanda do Norte foi a solução encontrada para o processo de saída do Reino Unido da UE para evitar uma fronteira física na Irlanda do Norte, um dos princípios dos acordos de paz de 1998 para a região.
Assim, a província britânica ficou com um estatuto especial, dentro da união aduaneira britânica, mas associada ao mercado único europeu e sujeita a regras da UE, com controlos aduaneiros e burocracia adicional para a entrada de mercadorias que chegam do Reino Unido.
Londres e Bruxelas estão em negociações há vários meses para tentar resolver problemas que surgiram na circulação de certos bens após a entrada em vigor do Protocolo, em janeiro de 2021, mas sem avanços significativos.
O Governo britânico voltou a ameaçar com ação unilateral se a União Europeia não ceder às exigências de renegociação do Protocolo, que está a causar atrito na circulação de bens.
Segundo a imprensa britânica, Londres tenciona avançar na próxima semana com legislação que permitiria anular unilateralmente disposições do Protocolo.