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Um Pobre Milagre

Somos a região do território nacional com maior risco de pobreza ou exclusão social

Não haja dúvida, é quase de se tirar o chapéu não fosse dramático. O que o atual Governo Regional conseguiu, não há nenhum outro que se tenha aproximado, e foi certamente necessário uma grande engenharia política para atingir os resultados, embora nem sempre reconhecidos pelos mesmos. Miguel Albuquerque conseguiu um verdadeiro milagre económico. Mas invertido!

Conseguiu transformar a Madeira na Região mais pobre do País e com a maior taxa de desemprego! É obra! Não foi para qualquer um! Só alguém predestinado poderia alcançar tal feito, e em tão pouco tempo de governação. Extraordinário.

Ao final do primeiro trimestre deste ano, a Madeira alcançou a maior taxa de desemprego em todas as regiões do País, com 7.5%, e teve o maior aumento trimestral, ao contrário dos Açores que teve a maior redução trimestral, sendo que a média de desemprego do País foi de 5,9%.

Se recuarmos um pouco no tempo, sabemos bem o impacto que a pandemia teve na economia regional em 2020, com a segunda maior queda do PIB regional logo a seguir ao Algarve, as duas regiões cujo principal setor de atividade é o turismo, sendo que o alojamento, comércio e restauração foram atividades paralisadas. Mas a verdade é que o País está a recuperar, as regiões estão a recuperar, e a Madeira está a ficar para trás, apesar da propaganda provinciana, descabida e absolutamente descarada com que o Governo Regional nos brinda numa base diária, em completo estado de negação, absorvido na sua autocontemplação.

E as razões para este atraso não são meramente conjunturais, são igualmente fatores estruturais que não nos permitem dar um salto em frente, fruto de políticas e opções erradas, fruto de um modelo económico obsoleto, fruto de um Governo Regional que não fez nem quer fazer qualquer mudança. O governo de Miguel Albuquerque apenas tem como objetivo manter o marasmo, os clientelismos, a absoluta desigualdade, os baixos rendimentos e pobreza generalizada, porque essa é uma fórmula comprovada de se agarrarem ao poder, mantendo uma teia de dependências político-partidárias que são um escândalo tornado normalizado.

Somos efetivamente a região do território nacional com maior risco de pobreza ou exclusão social, maior privação material severa, e maior intensidade laboral per capita muito reduzida, os principais indicadores de avaliação sobre as condições de vida da população. Cerca de 1 em cada 3 residentes na RAM estão em risco de pobreza ou exclusão social, cerca de 1 em cada 4 em risco de pobreza monetária, e 1 em cada 10 pessoas em privação material severa e/ou a viver em agregados com intensidade laboral muito reduzida.

As consequências são uma verdadeira tragédia: entre 2011 e 2021 perdemos quase 17 mil residentes na região, a maior parte para a emigração. E também para termos em perspetiva, esta diminuição da população é 3x mais gravosa que o contexto nacional.

É o grande legado de Miguel Albuquerque. Pobreza, desemprego, falta de oportunidades, emigração. É um legado que temos de mudar já em 2023.