Mundo

Espanha quer debater novas ameaças a partir do flanco sul

None

A Espanha vai defender na próxima cimeira da NATO, em Madrid no final de junho, que a agressão da Rússia à Ucrânia não deve fazer descurar as ameaças vindas do flanco sul, especialmente da região africana do Sahel.

O ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, da União Europeia e da Cooperação, José Manuel Albares, abordou o tema num discurso feito por videoconferência na abertura da sessão preparatória da Cimeira de Madrid "NATO-Flanco Sul: o Mediterrâneo e o Sahel", organizada na Casa Mediterrâneo, com sede em Alicante, no sul de Espanha.

Depois de salientar em várias ocasiões que "o desafio mais sério e premente" para a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) vem da invasão russa da Ucrânia, assegurou que "esta não é a única ameaça, porque a Rússia também está presente no sul", e referiu-se à recente reunião contra o Daesh realizada em Marraquexe (Marrocos), para concluir que "o maior epicentro terrorista do planeta neste momento mudou-se da Síria e do Iraque para o Sahel, muito perto de Espanha".

Nesta zona do norte da África subsaariana, para além da "ameaça jihadista" e do momento económico e político crítico, segundo o ministro, "existe uma crescente influência militar russa".

A isto há que acrescentar no Sahel "os graves problemas que já estão a surgir, e que nos próximos meses irá haver em termos de segurança alimentar, devido ao aumento dos preços do trigo e dos fertilizantes em resultado da crise russa, que terá impacto em países com estruturas alimentares fracas".

Relativamente à Cimeira de Madrid da NATO, a 29 e 30 de junho, Albares antecipou que será "crucial", porque se realiza numa altura em que "a segurança e a paz da Europa estão ameaçadas por um dos maiores desafios desde a queda do Muro de Berlim", com o regresso de um cenário "de pressão militar sobre o território europeu como instrumento de política externa".

Apesar do facto de a Rússia ter provocado um regresso ao "passado mais negro do nosso continente", o chefe da diplomacia espanhola repetiu a ideia de que os países da Aliança Atlântica enfrentam ameaças diretas a partir do flanco sul.

A região conhecido por Sahel inclui uma faixa de 500 a 700 km de largura, em média, e 5.400 km de extensão, entre o deserto do Saara, ao norte, e a savana do Sudão, ao sul, e desde o oceano Atlântico, a oeste, ao mar Vermelho, a leste.