Reitor do Santuário diz que é tempo do regresso a Fátima
O reitor do Santuário de Fátima, Carlos Cabecinhas, considerou que chegou o momento "para renovar o convite aos peregrinos, para que regressem" à Cova da Iria, depois de dois anos condicionados pela pandemia de covid-19.
No editorial do jornal Voz da Fátima, cujo número de maio começou hoje a ser distribuído, Carlos Cabecinhas exortou os peregrinos a que "façam de novo a experiência da celebração comum da fé" no Santuário, pois, apesar das transmissões televisivas ou por meios digitais das celebrações ali realizadas, "nada substitui a experiência da visita ao Santuário, quando tal é possível".
"No Santuário, o peregrino faz a experiência da celebração em grande assembleia, a experiência de ser Igreja", escreveu o reitor.
Carlos Cabecinhas sublinhou, ainda, que desde a Páscoa que o Santuário tem vindo a registar "um número considerável de peregrinos a pé", verificando-se que "muitos têm sido os que, para evitar grandes aglomerações nos dias 12 e 13 de maio, escolhem agora outras datas".
No mesmo jornal, o bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, considerou, por seu turno, que "é preciso perceber que voltar a Fátima não é apenas ver de novo o Santuário cheio; é antes de mais voltar àquilo que Fátima significa na vida das pessoas, dos católicos, e de outros, que têm em Fátima uma chamada de atenção para a vida, de esperança e de projeção do próprio futuro".
Tendo em conta a situação de guerra na Ucrânia, e recordando a consagração que o papa Francisco fez deste país e da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, em março, José Ornelas sublinhou que "Fátima é mais atual do que nunca".
"Encontramos hoje mães a fugir com as crianças, enquanto os homens ficam noutra dimensão, a da defesa das instituições, da ordem, da justiça e da paz, mesmo quando é uma defesa armada", afirmou o bispo, que tem neste 13 de maio a primeira grande peregrinação ao Santuário da Cova da Iria enquanto titular da diocese.
José Ornelas abordou também os casos das "mulheres e crianças indefesas" que chegam a Portugal, para considerar que "este é um desafio, e ao Santuário, nesta situação, não basta apenas acolher; este é um acolhimento muito especial e exigente", pois "estas pessoas, estas crianças, vão voltar ao seu país".
"Por isso, o acolhimento que já está a ser feito pelo Santuário e que está a ser feito por tantos de nós, precisa de uma coordenação maior e de um empenhamento concreto, com formação, para que possa resultar num bem para o futuro da Ucrânia e da humanidade", acrescentou o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
Milhares de pessoas estão a chegar hoje ao Santuário de Fátima, para a primeira grande peregrinação aniversária sem os constrangimentos provocados por dois anos de pandemia de covid-19.
As autoridades esperam uma afluência "próxima da habitual em anos pré-pandemia", embora no que respeita ao número de peregrinos a pé, esta peregrinação ainda fique aquém dos números de 2019, reconheceram à agência Lusa responsáveis pelo Movimento da Mensagem de Fátima, que coordena a Comissão de Apoio aos Peregrinos a Pé.
O arcebispo Edgar Peña Parra, substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, preside à peregrinação de hoje e de 13 de maio a Fátima.
Esta peregrinação "marca o regresso de uma série de iniciativas próprias das peregrinações de verão, como o acolhimento dos doentes e dos peregrinos a pé", informou o Santuário, explicando que, "nos últimos dois anos, devido à pandemia, não foi possível oferecer estes dois serviços por razões sanitárias, mas, este ano, mantendo alguma prudência como o uso da máscara no posto de socorros e no lava-pés, o Santuário e o seu grupo de voluntários acolherão estes dois grupos de peregrinos".
O presidente da celebração, Edgar Peña Parra, de 62 anos, é diplomata da Santa Sé desde 1993, sendo de origem venezuelana.
Atual substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, serviu como Núncio Apostólico no Paquistão, entre 2011 e 2014, e em Moçambique, de 2014 a 2018.