EUA estão em "guerra por procuração" contra Moscovo ao armarem Kiev, acusa Medvedev
O ex-presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, acusou quarta-feira os Estados Unidos de estarem a realizar uma "guerra por procuração" contra Moscovo na Ucrânia, através do fornecimento de ajuda sem precedentes a Kiev.
"O objetivo [de Washington] é manter uma guerra por procuração contra a Rússia, infligir uma grande derrota ao nosso país, limitando o desenvolvimento económico e a influência política no mundo", realçou o atual vice-presidente do Conselho de Segurança russo através da rede social Telegram.
Medvedev frisou que a ambição de Washington é justificada com o fornecimento de ajuda sem precedentes a Kiev.
Mas o ex-presidente russo, entre 2008 e 2012, garantiu estar convencido que os Estados Unidos "não atingirão os seus objetivos" porque "a sua máquina de impressão de dinheiro quebrará primeiro".
"Enquanto isso, atingiremos os objetivos da operação especial [na Ucrânia]", acrescentou Medvedev.
No final de abril, o Presidente dos EUA, Joe Biden, tinha pedido formalmente ao Congresso uma enorme extensão do orçamento de 33 mil milhões de dólares (31 mil milhões de euros) para a Ucrânia, dos quais mais de 20 mil milhões de dólares (19 mil milhões de euros) são destinados à assistência militar para apoiar Kiev na guerra contra a Rússia.
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou hoje um pacote de 40 mil milhões de dólares (38 mil milhões de euros) para a Ucrânia, reforçando o apoio a Kiev como pedido pelo Presidente Joe Biden.
O texto inclui uma componente económica e humanitária, mas também armas e munições.
Também hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, disse esperar que o conflito militar na Ucrânia termine com as tentativas do Ocidente em promover um mundo unipolar dominado pelos Estados Unidos.
"Esperamos, confiamos que a operação russa atinja todos os objetivos planeados e leve o Ocidente a parar (...) de tentar promover o mundo unipolar dominado pelos Estados Unidos e os seus aliados", referiu, durante uma conferencia de imprensa conjunta com o homólogo do Omã, Badr Al Busaidi.
O ministro russo reiterou que os objetivos da "operação militar" na Ucrânia passam primeiro pela "proteção dos habitantes das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk do regime neonazista em Kiev" e em "garantir que o Ocidente não use o território da Ucrânia para gerar ameaças militares à segurança da Rússia".
A Rússia iniciou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 5,6 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou hoje que 3.496 civis morreram e 3.760 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.