Companhia de distribuição de gás vai cortar fluxos de gás russo
A operadora que gere os fluxos de gás russo na Ucrânia vai interromper hoje a distribuição através de cortes numa central no leste do país.
Este anuncio surge na mesma altura em que o presidente, Volodymyr Zelensky, afirma que as forças de Kiev alcançaram "pequenas conquistas" perto de Kharkiv.
A entidade ucraniana que gere o gasoduto indicou através de um comunicado que os carregamentos russos através da central de Novopskov, uma área controlada por separatistas apoiados por Moscovo, vão ser cortados a partir de hoje.
Segundo Kiev, a central recebe cerca de um terço do gás russo que passa pela Ucrânia em direção à Europa Ocidental, apesar de Moscovo afirmar que a quantidade de gás que passa no gasoduto é superior à que foi referida por Kiev.
Trata-se da primeira medida que pode afetar o fornecimento de gás natural russo, desde que começou a invasão da Rússia, no passado dia 24 de fevereiro e pode vir a forçar Moscovo a transferir os fluxos de gás destinados aos clientes europeus.
A empresa estatal de energia russa, Gazprom, já tinha comunicado que as operações de envio de gás pudessem vir a passar para uma segunda central em território ucraniano.
A operadora ucraniana justifica que vai parar o fluxo contra a presença das "forças de ocupação", sendo que tecnicamente a Rússia pode redirecionar os fluxos de gás através de Sudzha, uma importante estação de armazenamento e envio na região norte da Ucrânia.
Zelenskyy disse na terça-feira que os militares estavam a repelir as tropas russas dos arredores de Kharkiv controlados pelas forças de Moscovo desde as primeiras semanas da guerra.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.