Federação de dadores de sangue ameaça suspender atividades por atrasos nos apoios
A Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (FEPODABES) queixou-se hoje dos atrasos dos apoios do Instituto Português do Sangue às associações de dadores e ameaça suspender as atividaes, que incluem a recolha de dádivas.
Em comunicado, a federação diz que tem conhecimento de que já há dirigentes a colocarem dinheiro próprio para fazer face às despesas das associações e manter os postos fixos de colheitas.
"Com toda esta situação, a FEPODABES e as suas associadas veem-se na necessidade de parar a sua atividade e não desenvolver qualquer contacto e iniciativa para a campanha de verão de 2022 até que esta situação seja resolvida", escreve o presidente da federação, Alberto Mota, citado no comunicado.
As associações afirmam ainda que declinam qualquer responsabilidade "no que toca à diminuição de dadores e de dádivas nos próximos tempos", tendo em conta que a falta de apoio os impede de desenvolver as suas ações, criando uma situação de "enorme dificuldade".
"A generalidade das associações de dadores de sangue precisa do apoio financeiro anual atribuído pelo IPST para assegurar funções que o próprio Instituto não consegue garantir e que são fundamentais para mobilizar os cidadãos para a dádiva benévola de sangue", explica a federação.
A FEPODABES conta que a 23 de março deu conta ao Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) de que o atraso na concessão de apoios financeiros estava a colocar em causa a atividade das associações de dadores de sangue em todo o país.
O IPST atribui anualmente financiamentos no âmbito da promoção da dádiva de sangue e, segundo a federação, em 2021 o apoio foi de 532 mil euros.
Esta verba, explica a federação, cobre custos com pessoal, com produção e distribuição de informação, aluguer de espaços, material informativo físico ou multimédia e custos com transportes, deslocações/estadas e alimentação relacionados com atividades de promoção da dádiva.
"É com recurso sobretudo a estes apoios que centenas de associações de dadores de sangue em todo o país conseguem concretizar as suas iniciativas, contribuindo desta forma para a dar resposta às necessidades de sangue dos serviços de saúde em Portugal", recorda.
A federação diz que já devia estar a ser preparada a campanha de verão e sublinha que o IPST "não procedeu ainda sequer à publicação do aviso de abertura de candidaturas para estes apoios financeiros".
"Atendendo ao prazo necessário para apresentação das candidaturas, avaliação das mesmas e transferência dos apoios, não se prevê que esta situação fique resolvida a curto prazo", acrescenta.
Adianta que não entende o porquê da não abertura de candidaturas, lembrando que o secretário de Estado Adjunto e da Saúde já aprovou o montante disponível para os programas de apoio a projetos a financiar pelo IPST em 2022, "tendo seguido o respetivo processo para o responsável pela área das Finanças".
"Assim, não entendemos como a 11 de maio de 2022 ainda não abriu o mesmo concurso" diz Alberto Mota.
A federação recorda que a 14 de junho se comemora o Dia Mundial do Dador de Sangue e avisa que, a manter-se a situação, não terá outra posição que não seja o cancelamento das comemorações por falta de apoio financeiro.
Em fevereiro, o IPST renovou o apelo para que todos os potenciais dadores fizessem a sua dádiva, depois de no final de janeiro ter admitido que a evolução da pandemia de covid-19, nomeadamente o elevado número de contágios e respetivos isolamentos profiláticos, conduziu a uma grande dificuldade em manter estáveis as reservas de componentes sanguíneos.