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Que as celebrações de Maio não se fiquem pelo papel

No mês de maio celebra-se também, no dia 12, o Dia Internacional do Enfermeiro

O mês que agora se inicia é conhecido por várias comemorações e nunca é demais lembrar que logo no primeiro dia assinala-se o Dia Internacional do Trabalhador em quase todos os países do mundo. Esta é uma forma de perpetuar e homenagear os trabalhadores que em Chicago no ano de 1886 lutaram e decretaram uma greve com o objetivo de alcançar melhores condições de trabalho, nomeadamente a redução da jornada diária de trabalho para oito horas. Os graves acontecimentos que se seguiram a esta jornada de luta, que envolveu prisões e mortes de trabalhadores em protesto, marcou definitivamente um ciclo de difíceis condições de trabalho, os acontecimentos foram tão críticos que se amplificaram para outras realidades, estabelecendo um marco na conquista dos direitos laborais, num longo processo que foi consolidando-se progressivamente em leis e regulamentos.

O mês de maio também é conhecido pelo mês do coração, denominação atribuída pela fundação portuguesa de cardiologia com o objetivo de sensibilizar toda a população para a necessidade de cada pessoa adotar estilos de vida saudáveis de modo a prevenir os fatores de risco que originam as doenças cardiovasculares (DCV). Atualmente as doenças cardiovasculares continuam a ocupar o primeiro lugar em termos de mortalidade no mundo, seguido das doenças oncológicas, diabetes e doenças respiratórias. Esta pesada realidade com consequências em vários domínios pode ser alterada se cada pessoa compreender a necessidade de modificar os seus hábitos de vida combatendo o sedentarismo, prevenindo a obesidade, a hipertensão e níveis elevados de colesterol, através de uma alimentação saudável e evitando dependências como o álcool e o tabagismo.

No mês de maio celebra-se também, no dia 12, o Dia Internacional do Enfermeiro, após dois árduos anos de luta contra a pandemia, onde persistem algumas dificuldades que se evidenciaram nesse período. Os efeitos do período pandémico irão prolongar-se no tempo com diferentes desafios o que levou o Conselho Internacional dos Enfermeiros, o (ICN), a recomendar que os governos em todo o mundo passem a investir nos enfermeiros e respeitem os seus direitos de forma a garantir uma efetiva prestação de cuidados de saúde com qualidade e segurança para todos.

As limitações financeiras não se encadeiam com os novos desafios e as crescentes necessidades em saúde, esta é uma realidade transversal a muitos países, constituindo um estímulo para que os decisores encontrem as melhores respostas em matéria de saúde.

Em declarações públicas a presidente do ICN refere que a ausência de investimento nos cuidados de enfermagem e nos enfermeiros coloca em risco os sistemas de saúde, limitando o acesso e o potencial dos serviços assim como a capacidade de reter e admitir novos profissionais.

Em Portugal, num estudo elaborado em 2017 pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico para a Comissão Europeia, sinalizava-se que o país precisava de valorizar o trabalho dos enfermeiros, assim como admitir mais profissionais, sugerindo a necessidade de apostar em formas que mantenham os enfermeiros e outros profissionais nos serviços de saúde.