Elas ganham, em geral, menos 220 euros por mês que eles
Aproveitando as comemorações do Dia do Trabalhador e do Dia da Mãe, a Pordata caracterizou o perfil dos 2,4 milhões de mulheres trabalhadoras em Portugal. Recebem menos do que os homens e são mães cada vez mais tarde…
A evolução histórica da situação laboral das mulheres e mães portuguesas é notória, como nos mostra a Pordata, base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), mas ainda há caminho a percorrer.
Há 2,4 milhões de mulheres trabalhadoras em Portugal, que representam metade da população empregada. Destas, 88% são por conta de outrem, 3% são empregadoras e 8% são trabalhadoras por conta própria isoladas. A maioria, mais de 80%, actua na área dos serviços, seguindo-se a indústria (15,8%) e a agricultura e pescas (1,6%). Destacar neste universo laboral que mais de 83% estão efectivas e 14% tem contrato a prazo.
Junto destas mantém-se a diferença salarial face aos homens trabalhadores, sendo esta diferença maior entre os grupos mais qualificados. Elas ganham, em geral, menos 220 euros por mês que eles. Mas a diferença acentua-se nos níveis mais elevados: nos quadros superiores, elas ganham menos 700 euros que os homens e menos 326 euros entre os profissionais altamente qualificados.
É nas actividades financeiras e dos seguros que esta diferença é maior: elas ganham menos 624 euros. Segue-se o sector da saúde, com uma diferença de mais de 380 euros, e a educação, com 349 euros de diferença.
No que concerne ao panorama europeu, Portugal é o 9º país da UE27 com maior peso das mulheres a trabalhar. São cerca de 7 em cada 10, sendo que a presença de mulheres aumentou 14 p.p. desde 1993.
A Pordata revela que as mulheres têm vindo a optar por serem mães pela primeira vez numa idade mais tardia. Portugal é o 8º país da União Europeia onde as mulheres têm o 1º filho mais tarde. Este adiamento reduz a probabilidade de famílias numerosas. O número médio de filhos por mulher é de 1,4 crianças, mas para que a substituição de gerações seja assegurada é preciso que cada mulher tenha em média 2,1 filhos.
A maioria das mães acaba por acumular a maternidade com a actividade laboral. Apenas 1 em cada 10 bebés nascidos são de mães que não estão no mercado de trabalho. Em 1995, eram quase 4 em cada 10. Em 2019, dados a que se reporta este estudo, mais de metade dos bebés nascidos de mulheres com 30-34 anos, foram os primeiros filhos. E entre mulheres com 35-39 anos são quase 4 em cada 10 bebés.
Apesar destas circunstâncias, temos agora quase 1/3 dos cargos dos conselhos de administração das empresas cotadas em bolsa ocupados por mulheres. Somos o 11º país da UE27 com maior peso das mulheres nos conselhos de administração das empresas, quando antes de 2010 o peso das mulheres era inferior a 5%. O número de mulheres empregadoras também aumentou seis vezes em relação a meados dos anos 70.
Nesta data, em que se assinalam o Dia do Trabalhador e o Dia da Mãe, ficamos a saber também que elas ganham terreno na política. “O peso das mulheres no parlamento nacional duplicou entre 2003 e 2021”, com Portugal a ocupar o 7º na Europa com maior peso das mulheres na assembleia legislativa (41%). Apenas a Suécia e a Finlândia têm mais de 45%, mas em nenhum país elas estão em maioria.