Vice-primeiro-ministro ucraniano afirma que alegados criminosos de guerra foram identificados
Autores de crimes de guerra em Bucha e Irpin foram identificados com tecnologia de reconhecimento facial e inteligência artificial.
O vice-primeiro-ministro ucraniano e titular da Transformação Digital, Mykhailo Fedorov, afirmou hoje que os alegados autores de crimes de guerra em Bucha e Irpin foram identificados com tecnologia de reconhecimento facial e inteligência artificial.
"A tecnologia permite encontrar quem quer que tenha sido captado pelo menos uma vez por uma objetiva. Tendo em conta como as pessoas gostam de colocar fotografias na internet e a quantidade de câmaras de vigilância doméstica e nas cidades, vamos resolver esta questão muito rapidamente", afirmou, citado pela agência Unian.
O governante ucraniano afirmou que "já foram encontrados muitos dos assassinos que aterrorizaram os civis em Bucha e Irpin", referindo-se às cidades que estiveram sob ocupação militar russa e onde foram descobertos cadáveres de centenas de habitantes.
"Em breve teremos toda a informação sobre estas pessoas: os seus perfis nas redes sociais, com quem vivem e quem serviram na vida militar", afirmou.
O Ministério da Defesa ucraniano começou a usar a tecnologia de reconhecimento facial da empresa norte-americana Clearview AI, que tem uma base de dados com 10.000 milhões de fotografias e mais de 2.000 milhões de imagens da rede social russa VKontakt.
A responsável ucraniana para os direitos humanos Lyudmila Denisova, acusou numa mensagem publicada na rede social Facebook as tropas russas de "dispararem à queima-roupa" contra civis em Bucha e "torturarem até à morte adultos e crianças".
Afirmou que os sobreviventes de Bucha relataram que as forças chechenas ao serviço de Moscovo instalaram "uma verdadeira câmara de tortura" no seu quartel-general.
"Segundo as autoridades municipais, morreram 360 civis em Bucha, entre os quais pelo menos 10 crianças", indicou.
Numa aldeia chamada Makirov, na região de Kiev, foram encontradas 132 pessoas fuziladas, quer em fossas comuns quer isoladamente.
Denisova apelou à comissão de investigação das Nações Unidas para que se debruce sobre as alegadas violações de direitos humanos durante a invasão militar russa da Ucrânia e à missão de peritos da Organização para a Segurança e Cooperação Europeia (OSCE) a considerá-las crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Argumentou que ações como as que atribuiu às tropas russas "caem na definição de genocídio" do estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre os quais 197 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.