UE consternada quer responsáveis por crimes de guerra a prestar contas
A União Europeia afirmou-se hoje "profundamente consternada" com o ataque russo contra a estação de comboios da cidade ucraniana de Kramatorsk, que matou 52 pessoas, e disse que os responsáveis por este "crime de guerra" devem "prestar contas".
"Não deve haver impunidade para os crimes de guerra. A UE apoia medidas para garantir a prestação de contas pelas violações dos direitos humanos e do direito internacional humanitário", sublinhou em comunicado um porta-voz do Serviço Europeu de Ação Externa.
A UE condenou o "bombardeamento brutal e indiscriminado de civis inocentes, incluindo de muitas crianças" que fugiam do terror dos ataques russos nesta localidade na região de Donetsk, leste da Ucrânia. Segundo as autoridades ucranianas, no ataque morreram 52 pessoas, incluindo oito crianças, e cerca de cem pessoas ficaram feridas, algumas com gravidade.
O comunicado foi publicado depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e do alto representante da UE para os Asuntos Externos, Josep Borrell, visitarem a Ucrânia e se deslocarem, entre outros locais, à cidade de Bucha, onde a retirada das tropas russas permitiu descobrir, na semana passada, a matança de civis ucranianos, alguns manietados e com sinais de tortura.
"As atrocidades cometidas pelas forças russas em Bucha, Borodyanka e outras cidades e povoações recentemente libertadas pelo exército ucraniano da ocupação russa e o brutal ataque à estação de combóios de Kramatorsk, fazem parte das deploráveis táticas de destruição do Kremlin", continuou o porta-voz.
As autoridades encontraram já na região de Kiev, nas cidades de Bucha, Borodyanka e Irpin, mais de 400 corpos de pessoas assassinadas.
"As tentativas flagrantes de ocultar a responsabilidade da Rússia neste e noutros delitos, através da desinformação e da manipulação dos media, são inaceitáveis", apontou a UE.
Durante a visita à Ucrânia, Von der Leyen e Borrell reuniram-se também com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a quem prometeram que Bruxelas acelerará a análise do pedido de Kiev para entrar na UE e prometeram aumentar em 500 milhões de euros o Fundo Europeu de Apoio à Paz, para financiar o envio de armas para a Ucrânia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre os quais 197 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.