'Os Verdes' reforçam o seu "não" ao teleférico no Curral das Freiras
O Partido Ecologista Os Verdes/Colectivo Regional da Madeira deu ontem entrada no 'Portal Participa' da sua pronúncia no quadro da Consulta Pública da Avaliação de Impacte Ambiental do Projeto do 'Sistema de Teleféricos e Parque Aventura do Curral das Freiras'.
Através de comunicado à imprensa, 'Os Verdes' dizem que, numa leitura e análise atentas e rigorosas dos documentos disponibilizados, encontraram ainda mais motivos para discordarem do projecto e ficaram ainda mais preocupados com a possibilidade deste se concretizar pois estão agora ainda mais conscientes dos riscos que ele comporta para o Curral e para os turistas.
Os Verdes acusam a entidade responsável pela Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) de ter dado viabilidade a um Estudo Impacte Ambiental (EIA) que tem uma "postura de total negação" em relação ao estudo dos riscos, chegando ao ponto de pôr para trás das costas os alertas que o Estudo Prévio (EP) faz em matéria de riscos geológicos.
O EP relata, entre outros exemplos, que “através de imagens do 'Google Earth' "é visível a existência de locais de duas áreas onde a vertente está particularmente erodida, em local topograficamente inferior à plataforma e estação da Boca da Corrida, mas nenhuma sequência é dada a esta questão no EIA".
Ainda em relação aos riscos, Os Verdes consideram "inaceitável" que não sejam avaliados as possibilidades de acidentes com as cabines dos teleféricos e relembram que ainda há pouco tempo caiu a cabine do teleférico da Rocha do Navio, felizmente vazia. "No EIA nada disto é estudado ou avaliado, tal como não são previstos planos de evacuação em caso de emergência", diz o partido.
Para o PEV, "uma abordagem séria dos riscos que o projecto comporta só poderia levar a uma conclusão, deixar cair o Projecto!".
Os Verdes consideram ainda que este Projecto "está de costas voltadas para o futuro porque compromete um património fundamental à vida humana, a Natureza! E que tentar fazer passar este Projeto, como pretende o Governo Regional, como uma oferta de turismo Verde e de Natureza é uma falácia sem pudor!".
Também nesta matéria, Os Verdes ficaram "incrédulos "com o EIA que depois de apresentar um inventário de campo que permitiu identificar, na área de Projecto, no que diz respeito à comunidade florística e espécies RELAPE, 46 espécies, distribuídas por 33 famílias, "chega à conclusão na sua avaliação que com a construção do Projeto só serão afectadas 3 espécies!".
Também a nível da fauna, "a avaliação de impactes está reduzida ao mesmo miserabilismo".
Sabe-se, por exemplo, que esta é uma zona de passagem das Freiras da Madeira no seu percurso para nidificação, algo que o Estado de Referência do EIA lamentavelmente não refere. Sabendo-se a importância da ilha para a preservação desta espécie, considerada uma das aves marinhas mais raras do mundo, que tem a Madeira como espaço único de nidificação no Planeta, como classificar um EIA que não avalia os impactes que decorrem da perturbação na sua área de passagem pelos cabos e cabines teleféricas??!! Os Verdes
Os Verdes afirmaram que por muito que os responsáveis do Governo Regional e os autarcas alinhados tentem fazer passar a ideia que o Projeto trará grandes benefícios para a população do Curral das Freiras e do Jardim da Serra, e que nele reside a salvação miraculosa para o desemprego e a erosão populacional que afecta estas freguesias, "Os Verdes estão convictos que assim não será!".
Já os danos que o Projeto gera, nomeadamente sobre a natureza, a paisagem e o ambiente, acumulados com os impactes negativos expectáveis decorrentes da pressão humana sobre estas comunidades e as suas formas de vida, para além dos riscos, expostos no primeiro parágrafo, terão impactes profundos e irremediáveis sobre um património único, a autenticidade do Curral das Freiras que deveria ser valorizado e ser uma alavanca para um desenvolvimento harmonioso. Os Verdes
Em conclusão, Os Verdes consideram que esta "Avaliação de Impactos Ambientais não passa de um descarado proforma que não dignifica as Entidades Regionai"s.
O Partido Ecologista Os Verdes "não nega nem recusa que o turismo é um dos potenciais de desenvolvimento da ilha da Madeira"
No entanto, os desafios do futuro devem levar a repensar os modelos desse turismo. Expandir o modelo de turismo “betonizado” e massificador, já existente na costa Sul para o interior e para a costa Norte será não só fazer da Madeira um destino igual a tantos outros no Mundo, como cria sérios problemas para os próprios ilhéus e para os turistas. E havendo, hoje em dia, cada vez mais turistas que pretendem uma estadia diferente, realmente amiga do ambiente, num laço de proximidade com as populações locais, onde deixam riqueza, porquê destruir? Os Verdes