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Ilha de São Jorge com mais de 28 mil abalos desde 19 de Março

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A ilha de São Jorge, nos Açores, registou 28.029 abalos desde o início da crise sismovulcânica no complexo fissural de Manadas e o setor da Ponta dos Rosais "continua a registar sismicidade", informou hoje o CIVISA.

Segundo adiantou o presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), Rui Marques, no 'briefing' diário nas Velas, na ilha de São Jorge, "desde 19 de março 237 sismos já foram sentidos pela população, um dos quais desde as 00:00 de hoje".

"Desde as 00:00 de hoje há 114 sismos registados", acrescentou ainda o responsável.

Ainda de acordo com o presidente do CIVISA, a rede "continua a registar sismicidade na Ponta dos Rosais".

Neste setor, hoje já foram registados "mais três sismos", totalizando 23 abalos desde o início da crise.

Rui Marques referiu também que os sismos na Ponta dos Rosais "têm profundidades inferiores a cinco quilómetros", enquanto a restante sismicidade, entre a vila das Velas e a Fajã do Ouvidor, "continua a manter-se entre os 7,5 quilómetros e os 12 quilómetros de profundidade".

Questionado pelos jornalistas, o presidente do CIVISA esclareceu que "não houve uma migração da sismicidade", mas "uma nova zona" em que está a ocorrer "libertação de energia".

"Certamente existe uma relação entre a sismicidade que está mais localizada no setor central de São Jorge e a sismicidade na Ponta dos Rosais, até porque estas estruturas que dominam a ilha prolongam-se até à Ponta dos Rosais. E, como tal, poderá estar a haver uma acumulação de tensão", explicou ainda.

Rui Marques assinalou que a sismicidade na Ponta dos Rosais tem sido caracterizada, desde o início, "por profundidades menores, sempre inferiores a cinco quilómetros", mas alertou que não se pode fazer "uma associação de uma subida dos sismos para a superfície".

"A nossa grande preocupação na Ponta dos Rosais é a sismicidade ser mais superficial, alguns sismos com alguma magnitude que podem gerar movimentos de vertente em falésias que têm elevada suscetibilidade para a ocorrência de movimentos de vertente", referiu, lembrando que já foram tomadas algumas medidas cautelares, nomeadamente o isolamento do local, a partir do miradouro da Vigia da Baleia, à circulação pedonal e automóvel.

Interrogado sobre as implicações do agravamento do estado do tempo nos trabalhos de campo do CIVISA, o responsável admitiu que as previsões de vento forte e precipitação poderão condicionar "a medição pontual de gases no solo".

"Mas, será uma situação de mau tempo, com ventos fortes e agitação marítima, que passará com alguma rapidez sobre a ilha de São Jorge e poderemos rapidamente retomar o programa de monitorização tal como está definido", disse.

A ilha de São Jorge mantém o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa "estado de repouso" e V6 "erupção em curso".