Zelensky denuncia "maldade sem limites" em reação a ataque contra estação ferroviária
O Presidente da Ucrânia denunciou hoje uma "maldade sem limites" desencadeada pela Rússia após um ataque contra uma estação ferroviária no leste ucraniano que fez várias vítimas, quando milhares de pessoas esperavam no local para fugir da região.
"Sem a força e a coragem para nos enfrentar no campo de batalha, destroem cinicamente a população civil. Esta é uma maldade que não conhece limites. E se não for punida, nunca parará", escreveu Volodymyr Zelensky na rede Telegram, denunciando os métodos "desumanos" das forças russas.
Pelo menos 35 pessoas morreram e 100 ficaram feridas no ataque com 'rockets' que visou uma estação de comboios de Kramatorsk, na região do Donbass (leste da Ucrânia), cidade que está sob controlo das forças de Kiev, segundo informações provisórias dos serviços de socorro locais, citados pelas agências internacionais.
De acordo com o chefe de Estado ucraniano, o ataque ocorrido hoje de manhã é a "prova" de que a Rússia "extermina" a população civil.
Na mesma mensagem, Volodymyr Zelensky afirmou que se tratou de um ataque com mísseis Tochka-U contra uma estação de comboios "onde se encontravam milhares de civis à espera de serem retirados", indicando ainda que "a polícia e as forças especiais estão no terreno".
"Foi um míssil Tochka, uma bomba de fragmentação", disse, por sua vez, em declarações à France-Presse (AFP) um agente da polícia ucraniana que se encontrava na estação.
A companhia ferroviária ucraniana Ukrzaliznytsia difundiu informações sobre o ataque e publicou uma fotografia em que se vê um cadáver no chão, junto a automóveis danificados que se encontravam no que parece ser um parque de estacionamento.
Na imagem são visíveis malas e o conteúdo das bagagens espalhado na rua.
O chefe da Administração Militar Regional de Donetsk, Pavlo Kirilenko, disse, por seu lado, também através da rede social Telegram, que "os fascistas russos atacaram a estação de comboios de Kramatorsk com um (míssil) Iskander. Os polícias e elementos de segurança estão no terreno e afirmam que há dezenas de mortos e feridos".
Kirilenko acrescentou que "milhares de pessoas estavam na estação no momento do ataque com mísseis", precisando que "os residentes de Donetsk estavam a ser retirados para regiões mais seguras da Ucrânia".
O chefe militar ucraniano também difundiu fotografias de corpos no chão rodeados de bagagens e em que se vê uma coluna de fumo junto ao que parece ser o edifício da estação de comboios.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.611 civis, incluindo 131 crianças, e feriu 2.227, entre os quais 191 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.