Kiev diz que russos estão a recrutar à força civis em Mariupol
A comissária de direitos humanos no parlamento ucraniano, Liudmyla Denisova, disse hoje que o exército russo está a transferir à força habitantes a partir das zonas que controla na cidade cercada de Mariupol, sul do país.
"Segundo os residentes locais, os homens mobilizados serão utilizados como carne para canhão nos combates de rua na cidade para servir de escudo ao exército inimigo", afirmou Denisova na sua página no Telegram.
Acrescentou que desde há quatro dias que as forças russas começaram a prender homens que tentavam abandonar a zona sob controlo do exército de Moscovo, perto de um posto de controlo da cidade de Vasylivka (sul).
Denisova também disse que foi iniciado o censo da população masculina nas referidas zonas e que, apesar de os homens ainda não terem sido chamados para a mobilização, "é provável que os obriguem a lutar" com as tropas russas.
A comissária de direitos humanos sublinhou que o recrutamento forçado em territórios ocupados viola o artigo 51 da Convenção de Genebra sobre a proteção de civis em tempo de guerra.
De acordo com responsáveis russos no terreno, os principais combates no centro de Mariupol já terminaram, apesar de prosseguirem confrontos no porto e nos arredores, enquanto Kiev assegura que o seu exército ainda resiste na cidade, cercada há várias semanas.
Segundo as autoridades ucranianas, permanecem na cidade cerca de 130.000 civis, um quarto da sua população antes da entrada das tropas russas no país vizinho.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.611 civis, incluindo 131 crianças, e feriu 2.227, entre os quais 191 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.